Venezuelanos com recursos têm em Espanha um refúgio apetecível

Laços familiares e sistema favorável de vistos facilita integração dos imigrantes que têm mais dinheiro que a maioria da população.

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Comunidade venezuelana em Madrid cresceu 142% em cinco anos EPA /LUCA PIERGIOVANNI,EPA /LUCA PIERGIOVANNI

A profunda crise económica e social em que a Venezuela de Nicolás Maduro se afundou nos últimos anos atingiu em força as classes mais desfavorecidas da população e motivou a fuga de 2,3 milhões de pessoas desde 2014, a grande maioria para países vizinhos, como a Colômbia ou o Peru. Mas não foram só os mais pobres que decidiram emigrar. Muitos venezuelanos com recursos viraram igualmente as costas ao regime chavista, procurando refúgio nos Estados Unidos ou na Europa. E para aqueles que têm dinheiro, Espanha revelou-se um destino apetecível, muito por culpa das suas políticas de atracção de investimento.

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A profunda crise económica e social em que a Venezuela de Nicolás Maduro se afundou nos últimos anos atingiu em força as classes mais desfavorecidas da população e motivou a fuga de 2,3 milhões de pessoas desde 2014, a grande maioria para países vizinhos, como a Colômbia ou o Peru. Mas não foram só os mais pobres que decidiram emigrar. Muitos venezuelanos com recursos viraram igualmente as costas ao regime chavista, procurando refúgio nos Estados Unidos ou na Europa. E para aqueles que têm dinheiro, Espanha revelou-se um destino apetecível, muito por culpa das suas políticas de atracção de investimento.

Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística espanhol, o crescimento da comunidade venezuelana no país cresceu 58% desde 2014, que contava em Janeiro deste ano com mais de 244 mil pessoas. Na capital, Madrid, esse aumento foi ainda mais significativo: 142% de crescimento e 42 mil venezuelanos registados.

Os laços familiares e as duplas nacionalidades ainda figuram no topo das razões que levam os venezuelanos a escolher Espanha para viver, mas na lista entram dois tipos de vistos permitidos pela legislação espanhola, muito procurados pelos imigrantes sul-americanos: o visto gold e o visto de residência não-lucrativa.

O primeiro é semelhante ao que também existe em Portugal. O Estado emite uma autorização de residência permanente a quem adquirir um imóvel em Espanha por um preço igual ou superior a 500 mil euros.

Mas é o segundo que tem tido cada vez mais procura junto dos venezuelanos desavindos com Maduro, escreve o El País. Até porque é mais acessível que o primeiro, desde que haja dinheiro para o suportar. O visto de residência não-lucrativa permite ao imigrante viver legalmente em Espanha durante um ano e extensível a três.

Quem tiver este visto nem precisa de trabalhar: “basta-lhe” ter a conta bancária apetrechada com pelo menos 26 mil euros e pagar um seguro médico pouco custoso.

Em Madrid já se sente o impacto do sucesso da política espanhola de vistos junto dos venezuelanos com recursos. O El País noticia que a maior concentração de cidadãos oriundos da Venezuela – mais de 3500 – encontra-se no bairro de Salamanca, o terceiro mais rico da capital. “Dá uma ideia do perfil de emigrantes que ali vivem”, escreve o diário espanhol.