Quatro milhões de crianças refugiadas não vão à escola

Quase dois terços das crianças refugiadas que vão à escola primária não chegam ao ensino secundário.

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Existem 7,4 milhões de crianças refugiadas em idade escolar Majed Jaber/REUTERS

Mais de metade das crianças refugiadas (54%) não vão à escola. Este valor, que corresponde a quatro milhões de crianças, é cinco vezes superior ao de crianças que em todo o mundo estão fora da escola, conclui um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla inglesa), publicado esta quarta-feira. 

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Mais de metade das crianças refugiadas (54%) não vão à escola. Este valor, que corresponde a quatro milhões de crianças, é cinco vezes superior ao de crianças que em todo o mundo estão fora da escola, conclui um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR, na sigla inglesa), publicado esta quarta-feira. 

Os números são relativos a 2017. Nesse ano, existiam 7,4 milhões de crianças refugiadas em idade escolar. 

"O tempo no exílio pode durar anos, se não décadas, e algumas crianças só conhecem a vida como refugiadas. É por isso que, a longo prazo, o bem-estar das crianças e a sua educação são tão importantes", lê-se no relatório. "Milhões de crianças e jovens refugiados passarão a infância inteira num país que não é o seu. Além disso, passarão os seus anos de formação privados do ambiente escolar que muitos de nós tomamos como garantido."

Só 60% destas crianças frequentam o ensino primário, um valor muito inferior aos 90% de crianças que vão à escola primária em todo o mundo.

À medida que se avança no sistema de ensino, a situação piora. Só 23% das crianças refugiadas frequentam o secundário — o que significa que só dois terços das que frequentaram a primária chegam aqui. Quando se olha para as crianças de todo o mundo esse valor sobe para 84%. E quase dois terços das que vão à escola primária não chegam ao secundário.

"A educação é uma forma de ajudar estes jovens a recuperar, mas é também uma maneira de ressuscitar países inteiros", disse o alto comissário da ONU para os Refugiados, Filippo Grandi. "Com base nos padrões actuais, a menos que seja feito um investimento urgente, centenas de milhares de crianças juntar-se-ão a estas estatísticas preocupantes."

Nos países de baixo rendimento, os números revelam uma realidade ainda pior, uma vez "que são desproporcionalmente afectados pelos movimentos de refugiados", diz o relatório. Em 2017, as regiões em desenvolvimento acolhiam 92% dos refugiados em idade escolar em todo o mundo. Nesses países, menos da metade das crianças refugiadas em idade primária frequenta a escola. No nível secundário, apenas 11% têm a mesma oportunidade.

Já no ano passado, a UNHCR dizia que metade das crianças não vai à escola. Num só ano, há mais 500 mil crianças nestas condições. "Embora em 2017 mais de 500 mil crianças refugiadas tenham sido matriculadas, a população de refugiados em rápido crescimento significa que, em termos percentuais, o quadro não melhorou", explica a UNHCR.

As raparigas estão numa situação particularmente difícil, aponta o relatório da UNHCR, uma vez que enfrentam "barreiras maiores no acesso à educação". Num relatório intitulado "Her Turn" (A vez dela), este organismo elencou os benefícios de garantir que as raparigas acedem à educação. Porém, "no Quénia e na Etiópia, só há sete raparigas por cada dez rapazes a frequentar o ensino primário". No ensino secundário, essa proporção é de quatro em dez. 

"Se as raparigas refugiadas tiverem acesso à educação é mais provável que as suas famílias e comunidades melhorem a sua posição."