PSD-Açores à procura de uma vitória desde Mota Amaral

Com Duarte Freitas de saída, os militantes do PSD-Açores escolhem no final de Setembro um novo líder. Pedro Nascimento Cabral e Alexandre Gaudêncio são os nomes que se perfilam.

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Duarte Freitas está de saída do PSD-Açores Martin Henrik

Um ano de Álvaro Dâmaso. Dois de Carlos Costa Neves. Depois mais um de Manuel Arruda (1999-2000) e cinco de Vítor Cruz (2000-2005). Novamente Carlos Costa Neves, agora por quatro anos, e outros tantos de Berta Cabral (2008-2012). Sempre na oposição. Desde que Mota Amaral deixou a liderança do PSD-Açores em 1996, os sociais-democratas do arquipélago nunca mais se encontraram com as vitórias eleitorais.

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Um ano de Álvaro Dâmaso. Dois de Carlos Costa Neves. Depois mais um de Manuel Arruda (1999-2000) e cinco de Vítor Cruz (2000-2005). Novamente Carlos Costa Neves, agora por quatro anos, e outros tantos de Berta Cabral (2008-2012). Sempre na oposição. Desde que Mota Amaral deixou a liderança do PSD-Açores em 1996, os sociais-democratas do arquipélago nunca mais se encontraram com as vitórias eleitorais.

As lideranças seguintes pagaram por isso e foram-se sucedendo - e caindo - ao ritmo dos ciclos eleitorais de um arquipélago que foi governado nas primeiras duas décadas de democracia pelo PSD, e que é socialista desde que o histórico presidente social-democrata trocou o Palácio de Sant'Ana, sede da presidência do governo regional, pela Assembleia da República.

Duarte Freitas foi o último líder do PSD-Açores a cair é uma excepção em termos de longevidade. Pegou no partido em 2012, na ressaca de mais uma maioria absoluta socialista – a primeira de Vasco Cordeiro –, e conseguiu sobreviver à derrota nas regionais de 2016 e aos maus resultados autárquicos do ano passado, em que o partido apenas venceu em cinco dos 19 municípios açorianos.

Sai agora, seis anos depois de ter chegado, por falta de “condições pessoais e familiares” para continuar a ser presidente do PSD-Açores. No discurso de despedida, na abertura do conselho regional do partido, que decorreu no final de Julho, em Ponta Delgada, Freitas disse deixar o PSD mais “atractivo” e com “militantes capazes” de vencer as regionais de 2020.

Ao PÚBLICO, o ainda líder dos social-democratas açorianos diz que chegou a hora de regressar a São Roque do Pico, onde tem a família e a actividade empresarial. Sai de cena, com as eleições internas marcadas para 29 de Setembro e um partido a valer, pelas contas das regionais de 2016, 30% do eleitorado. Menos 15 pontos do que o PS de Vasco Cordeiro. Na geografia autárquica açoriana, vale muito ao PSD a Câmara de Ponta Delgada, a capital do arquipélago, o município mais populoso ?e a capital do arquipélago num mapa político também dominado pelo PS, que tem na mão 12 municípios.

Mas esta matemática não afasta Pedro Nascimento Cabral e Alexandre Gaudêncio, os dois nomes que já se colocaram na corrida à sucessão de Duarte Freitas.

Pedro Nascimento Cabral, um advogado de 45 anos de Ponta Delgada, São Miguel, foi o primeiro a chegar-se à frente. Mesmo antes de Duarte Freitas formalizar a despedida, já tinha anunciado a candidatura à liderança de um partido que, diz, “não soube fazer verdadeira oposição”.

O poder – vem repetindo – não cai no colo. “Para conquistar eleições é preciso trabalhar para os açorianos olharem para o PSD como uma alternativa ao PS”, complementa ao PÚBLICO, elencando como prioridades a educação, a saúde, os transportes e o emprego.

São praticamente as mesmas preocupações de Alexandre Gaudêncio. O autarca da Ribeira Grande, em São Miguel, que em 2013 ganhou a câmara ao PS e que a manteve no ano passado, é o outro candidato à liderança. Usa as duas maiorias absolutas como medalhas ao peito e vai dizendo, nos múltiplos contactos que tem mantido com as estruturas concelhias e regionais do partido, que é preciso devolver a “mística das vitórias” ao PSD.

“A nossa ambição é ganhar as regionais de 2020”, diz o antigo secretário-geral dos social-democratas açorianos e actual vice-presidente de Duarte Freitas. Para isso, continua, é preciso “criar pontes” e chamar todos os militantes para a vida activa.

Este histórico de militância motiva críticas do adversário, que o aponta como uma candidatura de continuidade. “Foi secretário-geral do partido [em 2012] e é o primeiro vice-presidente de Duarte Freitas. Representa a continuidade, quando é preciso romper com o passado”, argumenta Pedro Nascimento Cabral, mostrando-se contra o “carreirismo” na política.

“É preciso fazer política de forma profissional, mas não ser profissional da política”, insiste, acrescentando que, ao contrário de Gaudêncio, veio da sociedade civil para o partido.

O autarca da Ribeira Grande rebate as críticas. Aos 35 anos, diz representar uma nova geração de políticas e de políticos e assume que os cargos que ocupou no partido lhe permitem ter um conhecimento profundo das estruturas. “Conheço o partido por dentro e sei quais são os pontos fortes e os pontos fracos”, adianta, prometendo desburocratizar o partido, de forma a trazer mais quadros para o PSD-Açores.

“Não se trata de uma candidatura de continuidade, mas sim de dar corpo à crescente revolta dos açorianos perante o estado da região”, sublinha, exemplificando com o desemprego que atinge “um em cada três” jovens açorianos.

Neste ponto, no da “necessidade de alterar o rumo dos Açores”, os dois candidatos convergem. Pedro Nascimento Cabral diz que é altura de “virar a página” e garante saber interpretar os problemas que afectam as pessoas. “Sou advogado há 22 anos e conheço bem a sociedade civil”, afirma, dizendo que, se ganhar o partido, vai apresentar uma moção de censura ao governo regional para, “olhos nos olhos”, apontar erros e apresentar soluções.

Já Alexandre Gaudêncio diz que primeiro é preciso reorganizar o PSD, aproximando-o das estruturas locais. O gabinete de apoio ao militante, que propõe criar, é um exemplo dessa aposta.

A 29 de Setembro, saber-se-á quem é que o PSD escolhe para suceder a Duarte Freitas. Se um homem da máquina partidária, como Gaudêncio, se um outsider, como diz ser Nascimento Cabral.