Bomba que matou 40 crianças no Iémen foi vendida pelos EUA em 2015
A Administração Obama foi a recordista de vendas de armas à Arábia Saudita mas em 2016 deixou de vender armas teleguiadas, após explosão de uma bomba num funeral que matou 115 pessoas.
A bomba que matou 40 crianças num autocarro no Iémen, a 9 de Agosto, era uma bomba de 227 quilos guiada por lasers fabricada pela norte-americana Lockheed Martin, vendida à Arábia Saudita pelos Estados Unidos em 2015, noticiaram a CNN e o site Bellingcat.
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A bomba que matou 40 crianças num autocarro no Iémen, a 9 de Agosto, era uma bomba de 227 quilos guiada por lasers fabricada pela norte-americana Lockheed Martin, vendida à Arábia Saudita pelos Estados Unidos em 2015, noticiaram a CNN e o site Bellingcat.
No ataque morreram mais 11 civis e 79 pessoas ficaram feridas, incluindo 56 crianças. O bombardeamento foi levado a cabo pela coligação liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos Estados Unidos. Riad divulgou uma declaração dizendo que o ataque tinha por alvo os lançadores de mísseis que atingiram a cidade saudita de Jizan no dia anterior - matando um civil iemenita. Os sauditas acusaram os houthis, que têm apoio iraniano, de usarem crianças como escudos humanos.
A Administração de Barack Obama foi a recordista de vendas de armas a Riad, mas em 2016 suspendeu a venda de armas teleguiadas, depois da explosão de uma bomba num funeral que matou 115 pessoas. A venda foi retomada pela Administração Trump em 2017. Das mais de 17 mil vítimas civis no Iémen desde 2015, mais de dez mil foram atingidas por ataques aéreos lançados pela aviação saudita, segundo um relatório da ONU.
O Iémen é, há mais de três anos, palco de uma luta entre o regime sunita e os rebeldes hutis, xiitas, que controlam grande parte do Norte do Iémen incluindo a capital, Sanaa. O Governo, no exílio desde 2014, é apoiado pela Arábia Saudita e seus aliados sunitas; os houthis são secundados pelo Irão, no que é visto como mais um conflito de uma guerra por procuração entre as duas grandes potências do Médio Oriente.
Washington pediu à coligação que combate junto com os sauditas para abrir um inquérito – todos os já realizados, na sequência de alguns dos bombardeamentos que mataram centenas ou dezenas de civis, ilibaram os seus membros. O Reino Unido, que se afirmou “profundamente preocupado pelo ataque que resultou na morte trágica de tantas crianças”, e pediu “uma investigação transparente”, é outro dos países que vende algumas das armas que a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos usam no Iémen.