Pelo menos 700 mil desalojadas nas "piores inundações do século" na Índia

Na Índia, a chuva deverá dar tréguas nos próximos dias e ajudar as equipas de salvamento que tentam chegar a todas as aldeias afectadas pelas inundações.

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As buscas por sobreviventes continuam no estado de Kerala, no Sudoeste da Índia, onde as fortes chuvas e as cheias dos últimos dias já mataram centenas de pessoas – só neste domingo já se registaram mais 13 mortes. Há pelo menos 700 mil desalojados em quatro mil campos de ajuda humanitária espalhados por todo o estado, onde começam a faltar medicamentos, energia e água potável.

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As buscas por sobreviventes continuam no estado de Kerala, no Sudoeste da Índia, onde as fortes chuvas e as cheias dos últimos dias já mataram centenas de pessoas – só neste domingo já se registaram mais 13 mortes. Há pelo menos 700 mil desalojados em quatro mil campos de ajuda humanitária espalhados por todo o estado, onde começam a faltar medicamentos, energia e água potável.

Ainda não se sabe ao certo quantas pessoas morreram e os números apresentados são díspares: a agência noticiosa Reuters confirma "cerca de" 200 mortos; já a agência AFP avança com 370 mortos. 

A chuva deverá dar tréguas nos próximos dias: o Departamento Meteorológico da Índia retirou o alerta vermelho para mau tempo de todos os distritos. “Para amanhã, a cor do aviso será verde", disse Mrutyunjay Mohapatra, o director da instituição, citado pelo jornal britânico Guardian.

Ainda assim, cerca de 83 mil quilómetros de estradas continuam submersas; 40 hectares de culturas devastadas; mais de 20 mil casas destruídas. Além das cheias, as chuvas, que começaram a cair a 8 de Agosto, provocaram desabamentos de terras que fizeram desaparecer aldeias inteiras, relata a BBC.

As operações de salvamento continuam, com a ajuda da Força Aérea Nacional e dos helicópteros da Marinha, que tentam resgatar por meios aéreos quem se encontra preso e fazer chegar alimentos a quem ainda não conseguem salvar. Só neste domingo, 22 mil pessoas foram resgatadas. Para as autoridades, a localidade mais preocupante é Chengannur, junto ao rio Pamba, onde se estima que cerca de 5000 pessoas estejam presas, escreve a Reuters.

“Foram as horas mais assustadoras da nossa vida”, descreveu Inderjeet Kumar, de 20 anos, à agência noticiosa AFP. “Não havia energia, nem comida, nem água – mesmo que estivéssemos rodeados dela”.

Também o perigo de transmissão de doenças começa a inquietar as autoridades. Anil Vasudevan, responsável pela unidade de gestão de desastres do departamento de saúde de Kerala, disse ao  Times of India  que há três pessoas com varicela num dos campos de realojamento temporário. De acordo com Vasudevan, antecipa-se um surto de doenças transmitidas pela água e pelo ar nestes campos.

O primeiro-ministro indiano, Narenda Modi, sobrevoou a área de helicóptero no sábado. No mesmo dia esteve reunido com as autoridades de Kerala e prometeu dar mais 70 milhões de dólares em ajudas. As estimativas iniciais apontam para mais de três mil milhões de dólares em danos (cerca de dois mil milhões de euros), mas este número ainda pode vir a aumentar, escreve a agência noticiosa Associated Press. Afinal, estas são as piores cheias do século no Sul da Índia, de acordo com as autoridades. Em algumas áreas de Kerala, choveu o dobro do que costuma chover durante as monções.

Kerala é o estado mais densamente povoado do subcontinente indiano, com 860 habitantes por km2 (a média nacional é de 382), e muitos reformados que para ali vão em busca do seu clima tropical. A pista do aeroporto internacional de Cochin está inutilizada e todos os voos suspensos pelo menos até dia 26 de Agosto.