Morreu Pedro Queiroz Pereira, um dos mais importantes empresários do país
O dono da Navigator e da cimenteira Secil morreu sábado, aos 69 anos. "O grande industrial" era o sétimo homem mais rico do país.
O empresário Pedro Queiroz Pereira, dono da Navigator e da cimenteira Secil morreu sábado, aos 69 anos, noticia este domingo o semanário Expresso.
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O empresário Pedro Queiroz Pereira, dono da Navigator e da cimenteira Secil morreu sábado, aos 69 anos, noticia este domingo o semanário Expresso.
Considerado o maior industrial português, chefiava a empresa líder em todo o mundo no mercado do papel para impressão e era há seis anos o accionista totalitário da segunda maior cimenteira do país. Recentemente, o seu nome extravasou o sucesso no mundo empresarial para se tornar parte da narrativa do colapso do Grupo Espírito Santo (GES) e da sua ruptura com Ricardo Salgado.
Segundo a revista Exame, o accionista maioritário do grupo Semapa, que detém a Navigator, tinha uma fortuna avaliada em 779 milhões de euros (em conjunto com a mãe, Maud) — era o sétimo homem mais rico do país.
O dono da antiga Portucel mantinha também negócios na área do ambiente e da energia. Citado este ano pelo Jornal de Negócios, Pedro Queiroz Pereira clamava: "Eu pago impostos e ajudo a enriquecer o país. Nos últimos dez anos investi dois mil milhões de euros em Portugal".
O Expresso recorda a sua última entrevista ao semanário, em Fevereiro de 2016, na qual deixou no ar a ameaça de cancelar os investimentos que tinha previsto para Portugal, na sequência da decisão do Governo de travar a expansão da área de eucalipto no país, no âmbito do acordo alcançado com o Partido Ecologista Os Verdes. Dois anos depois, porém, as contas mostram que a Navigator investiu mais de 1,3 mil milhões de euros nos últimos 15 anos em Portugal, como destacou o mesmo Negócios.
PQP e o amigo Ayrton Senna
Pedro Queiroz Pereira nasceu a 5 de Março de 1949, em Lisboa, e estudou no Colégio Militar. Não chegou a terminar o curso do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa. O filho de Manuel Queiroz Pereira tornou-se piloto depois de a família Queiroz Pereira ter vivido no Brasil no pós-25 de Abril após as nacionalizações das suas empresas. Foi aí, nas corridas de automóveis, que ganhou a alcunha que resumia as suas iniciais, PQP, que mais tarde se tornariam parte do léxico do caso BES, e que ganhou também um amigo chamado Ayrton Senna.
Tornou-se depois, como o próprio se definira nas célebres comissões de inquérito do GES, num “industrial, comerciante e empresário”. Dos maiores e mais importantes do país, criando dezenas de milhares de postos de trabalho em Portugal.
O empresário tinha uma ligação estreita ao GES, do qual era accionista e onde chegou a ser membro do conselho de administração do BES. Uma ligação de oito décadas, entrelaçada por cruzamentos familiares.
Duas tentativas de controlo das duas maiores cimenteiras do país terão contribuído para a crise nas relações entre Ricardo Salgado e o empresário. Por um lado, foi quando Pedro Queiroz Pereira tentou, com uma oferta pública de aquisição (OPA), controlar a maior cimenteira do país, a Cimpor, que entrou em colisão com Salgado — a OPA falhou e a Cimpor foi parar às mãos da Teixeira Duarte, apoiada pelo Banco Comercial Português e pela Lafarge. Estávamos em 2000. Por outro, numa medida que Ricardo Salgado sempre negou ter levado a cabo, a tentativa de controlo accionista do grupo Semapa (Secil), que detém a Navigator, aliado às duas irmãs de Pedro Queiroz Pereira, Maude e Margarida. Foram casos esmiúçados nas comissões de inquérito ao colapso de um dos maiores grupos financeiros do país. A 1 de Novembro de 2013, Queiroz Pereira e o GES descruzaram posições accionistas.
Era avesso a entrevistas e a expor a sua vida privada nos media. Casou-se com Maria Rita Mendes de Almeida, que morreu em Novembro de 2014 aos 63 anos, e com quem teve três filhas — Filipa, Mafalda e Lua. Segundo o Expresso, um fundo privado subscrito apenas pelas filhas de Pedro Queiroz Pereira faz com que se tornem as suas únicas sucessoras na gestão do património.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou o “prematuro desaparecimento” de um “grande industrial português", numa nota de pesar.