Este queijo vem de um túmulo com 3200 anos
A "massa esbranquiçada" foi encontrada num túmulo egípcio e as análises detectaram vestígios de uma bactéria mortal. De acordo com os investigadores, este deverá ser o mais antigo registo da doença brucelose.
O número poderá impressionar os fãs de queijo maturado. São 3200 anos que fazem deste um dos mais velhos queijos no mundo. Foi encontrado dentro de um túmulo em Sacará, no Egipto, a descoberta foi feita por uma equipa de arqueólogos e o estudo foi publicado recentemente na revista Analytical Chemistry da Sociedade Americana de Química.
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O número poderá impressionar os fãs de queijo maturado. São 3200 anos que fazem deste um dos mais velhos queijos no mundo. Foi encontrado dentro de um túmulo em Sacará, no Egipto, a descoberta foi feita por uma equipa de arqueólogos e o estudo foi publicado recentemente na revista Analytical Chemistry da Sociedade Americana de Química.
A morada do exemplar foi encontrada em 2010 no túmulo de Ptahmes, chefe de Menfis, capital do Egipto durante praticamente todo o Império Antigo (2635 a 2561 a.C.). Durante a escavação, os arqueólogos da Universidade do Cairo encontraram jarras e numa delas uma massa esbranquiçada solidificada. Depois de analisar uma amostra, os investigadores determinaram que se tratava de produto lácteo feito a partir de leite de vaca e ovelha ou leite de cabra, revela o estudo agora publicado. O tecido que o envolvia, lona, contribuiu para concluir que se tratava de um elemento de origem sólida e não líquida: um queijo.
O estudo conta ainda que este queijo tem vestígios biológicos da bactéria Brucella melitensis, que causa brucelose. A doença, também conhecida como febre mediterrânea, é potencialmente mortal, e costuma surgir em produtos lácteos não pasteurizados ou carnes mal cozidas.
A confirmarem-se os resultados do estudo, este poderá ser não só o mais antigo queijo do mundo como também o mais antigo registo daquelas bactérias. Os autores ressalvam que, apesar da evolução da análise de amostras biológicas modernas, a aplicação destas técnicas em amostras mais antigas de alimentos ainda está numa fase muito inicial.
Enrico Greco, o investigador que liderou o estudo, da Universidade de Catânia, na Itália, explicou que, através das análises e mesmo com toda a informação recolhida, é difícil determinar qual será o sabor aproximado do queijo. O investigador tem um historial em descobertas relacionadas com alimentos, lembra a ABC. No último ano, integrou uma equipa que descobriu o vinho mais antigo do mundo em vasilhas de argila com cerca de oito mil anos, perto de Tbilisi, a capital da Geórgia.
Paul Kindstedt, professor de química e especialista em queijo da Universidade de Vermont, acredita que o sabor é "muito, muito ácido", escreve o New York Times.