“Tem sido o ano mais difícil e doloroso da minha carreira”, diz Musk
Empresário desabafou ao New York Times, numa entrevista em que tenta explicar a recente polémica em torno da saída de bolsa da Tesla.
Elon Musk não está a ter um ano fácil. Só nos últimos meses, chamou pedófilo a um dos mergulhadores do resgate dos rapazes presos numa gruta na Tailândia, voltou a ter prejuízos na Tesla e fez despedimentos. Na semana passada, publicou uma mensagem inesperada no Twitter, na qual anunciou a intenção de retirar a empresa da bolsa. O resultado deste anúncio — que tipicamente é feito em canais oficiais, depois de deliberação interna e quando as bolsas já fecharam — foi uma confusão dentro do conselho de administração, investidores descontentes e uma investigação do regulador de mercados americano.
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Elon Musk não está a ter um ano fácil. Só nos últimos meses, chamou pedófilo a um dos mergulhadores do resgate dos rapazes presos numa gruta na Tailândia, voltou a ter prejuízos na Tesla e fez despedimentos. Na semana passada, publicou uma mensagem inesperada no Twitter, na qual anunciou a intenção de retirar a empresa da bolsa. O resultado deste anúncio — que tipicamente é feito em canais oficiais, depois de deliberação interna e quando as bolsas já fecharam — foi uma confusão dentro do conselho de administração, investidores descontentes e uma investigação do regulador de mercados americano.
O empresário — que além da Tesla também fundou e dirige a Space X, uma empresa de foguetões reutilizáveis — costuma usar as redes sociais para partilhar todo o tipo de informação, desde novidades sobre os carros ao facto de misturar vinho tinto com um poderoso sedativo. Mas foi ao The New York Times que desabafou: “O ano que passou tem sido o ano mais difícil e doloroso da minha carreira. Foi agonizante.” A conversa, na casa do empresário em Los Angeles, durou cerca de uma hora e, de acordo com o jornal, Musk esteve algumas vezes perto das lágrimas, sobretudo quando recordou momentos onde o trabalho se sobrepôs à sua vida pessoal.
Na entrevista, Musk recordou o dia em que publicou no Twitter a intenção de retirar a Telsa de bolsa, por um preço de 420 dólares por acção, mais de 20% acima do preço de mercado. O anúncio fez a cotação subir imediatamente e acabou por levar à suspensão temporária das transacções.
O empresário estava no carro a caminho do aeroporto quando escreveu aquela mensagem. O objectivo, disse, era ser transparente. O preço de 420 dólares foi decidido porque queria dar um prémio de 20% aos accionistas, o que significaria 419 dólares — mas decidiu arredondar o valor. “Parecia melhor karma a 420 do que a 419. Mas, para clarificar, eu não tinha fumado erva”, explicou Musk, referindo-se ao facto de “420” ser uma expressão usada nos EUA para designar o consumo de cannabis. “A erva não ajuda à produtividade. Há uma razão para a palavra ‘pedrado’. Fica-se ali sentado, como uma pedra”, acrescentou.
Musk também afirmou que a pressão de dirigir duas empresas complexas está a ter repercussões na sua saúde: “Não tem estado bem, na verdade. Tenho amigos que estão muito preocupados.”
Devido à frágil situação em que Musk se encontra, a Tesla terá alegadamente intensificado a procura de um braço direito para o empresário. A empresa estará já há alguns anos à procura de alguém que possa dividir as tarefas de gestão com o multimilionário. Porém, Musk afasta essa possibilidade, afirmando que "tendo em conta aquilo que sei, esse processo está parado". Segundo o próprio admitiu ao NY Times, a administração já teria sondado Sheryl Sandberg, actual executiva do Facebook, para ser o "número 2" de Musk.
No entanto, a Tesla, através de um comunicado, já desmentiu estas informações, qualificando-as como "rumores falsos e irresponsáveis", preferindo reconhecer a "dedicação e o compromisso" de Elon Musk para com a empresa.
O empresário referiu que não quer abrir mão dos seus dois cargos na empresa (presidente e director executivo), mas acrescentou: "Se há alguém que faça melhor este trabalho do que eu, por favor contactem-me. Podem ficar com o trabalho. Há por aí alguém capaz de fazer um trabalho melhor? Podem ficar com as rédeas [da empresa] agora."