Conferência Episcopal dos EUA pede investigação a ex-cardeal de Washington
Theodore McCarrick, que se demitiu do Colégio de Cardeais, foi visado por múltiplas queixas de abusos sexuais ao longo da sua carreira.
A Conferência Episcopal dos Estados Unidos pediu ao Vaticano que abra uma investigação com o apoio de especialistas não religiosos para esclarecer as acusações de abusos sexuais apresentadas contra o ex-cardeal de Washington Theodore McCarrick, que se demitiu do Colégio de Cardeais no mês passado – é provavelmente o primeiro a fazê-lo.
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A Conferência Episcopal dos Estados Unidos pediu ao Vaticano que abra uma investigação com o apoio de especialistas não religiosos para esclarecer as acusações de abusos sexuais apresentadas contra o ex-cardeal de Washington Theodore McCarrick, que se demitiu do Colégio de Cardeais no mês passado – é provavelmente o primeiro a fazê-lo.
Este apelo surge depois de reveladas as conclusões do Grande Júri da Pensilvânia que descobriu que 301 padres católicos abusaram sexualmente de menores durante os últimos 70 anos. O caso do cardeal McCarrick será uma peça de um quadro mais vasto de tolerância da Igreja Católica para com os praticantes destes abusos.
McCarrick demitiu-se após terem vindo a lume as acusações de um painel da igreja que considerou haver provas suficientes de que molestou sexualmente um acólito adolescente há 47 anos, quando era padre em Nova Iorque. O cardeal, que hoje tem 87 anos, afirma-se inocente, mas cooperou com o processo. “Não tenho qualquer memória deste alegado abuso, e acredito na minha inocência”, afirmou numa declaração escrita. “Lamento a dor da pessoa que apresentou estas acusações contra mim, e o escândalo causado à nossa gente”, disse ainda.
Mas estas não eram as suas primeiras acusações de abusos: o jornal New York Times descobriu que em 2005 e 2007 houve acordos judiciais com vítimas de abusos sexuais praticados pelo cardeal McCarrick nos anos 1980, quando este era bispo em Nova Jérsia. Estes casos implicaram o pagamento de somas no valor de dezenas de milhares de dólares.
Agora, o Papa Francisco ordenou-lhe que se dedique “a uma vida de oração e penitência”. Resta saber se as revelações sobre o escândalo de abusos sexuais na Pensilvânia poderão levar o chefe da Igreja Católica a tomar medidas mais duras – a pressão é cada vez maior para agir e punir as hierarquias que permitiram que estas situações se prolongassem durante décadas.
Em Março, o cardeal George Pell da Austrália, o tesoureiro do Vaticano nomeado por Francisco, foi também denunciado por abusos sexuais e submetido a julgamento. Em Maio, o arcebispo de Adelaide, também na Austrália, foi condenado por encobrir queixas de abusos sexuais nos anos 1970.
No Chile, por exemplo, o Papa foi forçado a pedir perdão e a aceitar a demissão de alguns bispos, devido a um escândalo de abusos continuados que tornou invulgarmente agitada a visita do Sumo Pontífice àquele país no início do ano, não conseguindo evitar acusações de cumplicidade do Vaticano.