PSD critica triunfalismo do Governo, mas está disponível para aprovar medidas

Sociais-democratas admitem alterar configuração da comissão técnica independente para ir ao encontro da sugestão do Presidente da República.

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david Justino comentou incêndios Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente do PSD David Justino criticou a falta de “recato, humildade e precipitação” por parte do Governo a propósito dos incêndios de Monchique, mas mostrou-se disponível para aprovar “soluções”. 

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O vice-presidente do PSD David Justino criticou a falta de “recato, humildade e precipitação” por parte do Governo a propósito dos incêndios de Monchique, mas mostrou-se disponível para aprovar “soluções”. 

Em conferência de imprensa esta segunda-feira de manhã, David Justino começou por justificar o silêncio do partido sobre os incêndios de Monchique nos últimos dias com a ideia de não fazer “combate político” enquanto decorriam as operações de combate ao fogo que lavrou vários dias.

O dirigente criticou as declarações do primeiro-ministro que falou em vitória por não se ter registado vítimas mortais. “Essa deveria ser a situação normal e que não justifica a declaração de júbilo e de vitória”, disse, considerando que essa ideia é precipitada. “Este Governo contenta-se com o mal, sugerindo que poderia ter sido pior”, apontou, acusando o Governo de “ocultar” outros dados: “Portugal tem a maior área ardida, para começo de época reconheçamos que não é animador”.

David Justino condenou ainda as declarações de António Costa ao Expresso em que considerava que os incêndios de Monchique foram a excepção que confirmou a regra. “O que há é falta de recato, humildade e precipitação. Recato porque é produzida no auge do combate, precipitação porque é o início de época deste Verão que é tardio”, afirmou, recordando que o próprio Marcelo Rebelo de Sousa apelou para que “cessassem os triunfalismos”

Mesmo as publicações do primeiro-ministro na conta oficial do Twitter durante o incêndio, em que António Costa aparecia no gabinete a acompanhar a situação no terreno, foram consideradas desnecessárias. “Houve estratégia de comunicação a mais e combate a menos”, apontou, recomendando ao Governo: “Concentrem-se mais em resolver os problemas do país do que em fazer campanha eleitoral que ainda vem longe”.

Apesar do tom crítico, o vice-presidente e presidente do Conselho Estratégico Nacional do PSD anunciou que o partido “está disponível para encontrar soluções, agilizar processos e viabilizar medidas para ultrapassar esta situação”. Uma postura que já aconteceu na última legislatura com medidas aprovadas na Assembleia da República. Entre elas está a comissão técnica independente de acompanhamento dos incêndios sugerida este fim-de-semana por Marcelo Rebelo de Sousa e que já foi promulgada pelo próprio como noticiou o PÚBLICO.

O dirigente social-democrata admitiu a disponibilidade do PSD para “dar uma nova configuração” a essa comissão, designada por Observatório Técnico Independente, “nomeadamente torna-la uma comissão permanente”. 

Acompanhado de Rui Rocha, vogal da comissão política nacional, e por Luís Pais de Sousa, coordenador do Conselho Estratégico Nacional para a protecção civil, David Justino anunciou que o PSD vai pedir uma reunião com autarcas dos concelhos afectados pelos incêndios de Monchique. 

Sem querer entrar nos detalhes técnicos do combate aos incêndios de Monchique, o vice-presidente questionou o “atraso” da transferência da coordenação para o comando nacional, mas disse “compreender” com a estratégia de retirar de casa as pessoas em risco, embora isso não devesse impedir outras forças de combater o incêndio. “É nesse sentido que essa estratégia pode ter falhado. Salvar vidas é o normal”, afirmou. 

Numa conferência de imprensa dedicada apenas ao tema dos incêndios em Monchique, David Justino foi questionado sobre a saída de Santana Lopes do PSD para formar uma nova força política e sobre se há receio de “roubo” de votos, mas desvalorizou ao dizer que só está preocupado com problemas do país”. “Perante isso o aspecto que me coloca é mínimo, é insignificante”, rematou.