China rejeita na ONU acusações de repressão dos uigures
O Governo de Pequim diz que acções das forças de segurança fazem parte de combate ao terrorismo.
A China negou as acusações de repressão sobre os uigures em Xinjiang feitas na semana passada durante uma reunião do painel sobre direitos humanos das Nações Unidas. Pequim diz que as acções das forças de segurança na região autónoma têm como alvo “grupos terroristas” e não são direccionadas contra uma etnia ou religião específica.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A China negou as acusações de repressão sobre os uigures em Xinjiang feitas na semana passada durante uma reunião do painel sobre direitos humanos das Nações Unidas. Pequim diz que as acções das forças de segurança na região autónoma têm como alvo “grupos terroristas” e não são direccionadas contra uma etnia ou religião específica.
A delegação chinesa respondia às alegações feitas no mesmo painel na passada sexta-feira que denunciavam a existência de pelo menos um milhão de uigures detidos num enorme campo de internamento mantido em segredo. Gay McDougall, do comité da ONU para a Eliminação da Discriminação Racial, disse basear-se em “relatórios credíveis” sobre as detenções não reconhecidas oficialmente pelo Governo chinês.
O director-adjunto do Departamento da Frente Unida de Trabalho do Comité Central, órgão do Partido Comunista responsável pelas relações exteriores, Hu Lianhe, disse que as alegações feitas por McDougall são “totalmente falsas”.
“Em relação à liberdade religiosa, Xinjiang garante aos seus cidadãos liberdade de crença e protege as actividades religiosas normais. Aqueles atraídos pelo extremismo religioso serão apoiados pelo realojamento e pela reeducação”, afirmou Hu.
Já nesta segunda-feira, McDougall rejeitou as justificações chinesas. “Precisamos de mais do que apenas uma negação das acusações”, afirmou.
Para conter os movimentos separatistas nesta região autónoma no ocidente da China, as autoridades lançaram nos últimos anos uma forte ofensiva securitária. No ano passado, 21% de todas as detenções no país foram feitas neste território, segundo o Guardian, que cita dados do grupo Defensores dos Direitos Humanos Chineses.
Pequim argumenta que tem sofrido vários atentados perpetrados por extremistas islâmicos e que apenas tenta estabilizar a região. No fim-de-semana, o Global Times, um jornal que serve de caixa-de-ressonância do PCC, publicou um editorial muito crítico em que acusa “os EUA e vários países ocidentais” de quererem “fomentar problemas” em Xinjiang.
A acção das autoridades chinesas, escreve o jornal, eviou que a região se tornasse “numa ‘Síria chinesa’ ou numa ‘Líbia chinesa’”. “Não há dúvida que a paz e a estabilidade actuais em Xinjiang se devem em parte à elevada intensidade da regulamentação. A polícia e os postos de segurança podem ser vistos em todo o lado em Xinjiang”, lê-se no mesmo editorial.