“PSD vai pedir explicações e não vai ser meigo”
BE, PCP e CDS também deixam as ilações políticas para depois da extinção do incêndio
“Em seu tempo, o PSD vai pedir explicações e não vai ser meigo a pedir responsabilidades”, declarou ao PÚBLICO o primeiro-vice-presidente do PSD, David Justino, sobre o incêndio que começou sexta-feira passada na serra de Monchique, garantindo: “Não queremos combate político antes de se combater o fogo.”
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“Em seu tempo, o PSD vai pedir explicações e não vai ser meigo a pedir responsabilidades”, declarou ao PÚBLICO o primeiro-vice-presidente do PSD, David Justino, sobre o incêndio que começou sexta-feira passada na serra de Monchique, garantindo: “Não queremos combate político antes de se combater o fogo.”
Recusando o aproveitamento político, o vice-presidente do PSD explicou que “logo que o fogo esteja extinto, poderá ser percorrido e analisado o filme dos acontecimentos”, e só depois o partido tomará posição. Acrescentando: “Questionaremos o Governo na devida altura.”
David Justino não deixou, porém, de considerar que “as declarações do primeiro-ministro foram infelizes, uma vez que diz que onde correu bem é um sucesso do Governo e onde correu mal é responsabilidade das condições climatéricas”.
O vice-presidente do PSD fez questão de adiantar que “há coisas que, desde já, causam estranheza”. Avançando com a colocação de questões: “Como se passa de um incidente confinado na zona inicial que as autoridades assumem que é controlável para uma situação de descontrolo? Há condições que ajudam à propagação do incêndio, mas porque se descontrolou?”
Outra questão que, para o PSD, se coloca é a de saber como é que, ao oitavo dia de incêndio, “ainda não se percebe o que se passou, para mais quando há todos os meios envolvidos e 1400 homens”. Desde já, o PSD avisa que quer “ouvir os bombeiros que dizem que há falta de coordenação na cadeia de comando, não possibilitando condições de combate”.
Por sua vez, em nota enviada às redacções, o BE anuncia que decidiu cancelar os dois comícios de Verão agendados para sexta-feira, em Quarteira, e sábado, em Monte Gordo, devido ao incêndio de Monchique, “acontecimento que acompanha com preocupação”, tendo dirigentes no terreno “em permanente contacto com as populações afectadas”, entre os quais destacam o deputado João Vasconcelos, eleito pelo distrito de Faro e vereador na Câmara Municipal de Portimão.
“Tendo em conta a evolução dos acontecimentos no terreno, e tendo a preocupação de não perturbar de forma alguma as operações de combate ao fogo e de retirada das populações para locais seguros, o BE está neste momento a avaliar se existem condições para efectuar novas visitas aos locais que foram afectados pelo fogo, por parte de outros dirigentes nacionais do partido”, acrescenta a nota.
Por sua vez, o PCP, logo quarta-feira, em nota enviada às redacções, afirma que “o tempo é de dar combate às chamas e não de fazer balanços prematuros”. Mas também quer saber “as razões que expliquem por que é que, com a concentração de meios que tem sido possível assegurar no terreno, o fogo prossegue sem dar tréguas”. Quer apurar “aspectos de natureza técnica e de comando”, para além de querer reflectir sobre problemas estruturais com que a floresta e o seu ordenamento se confrontam”. Por fim, manifesta a “solidariedade com a população, os bombeiros e outros agentes da protecção civil”.
Também na quarta-feira, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, manifestou a estranheza com a situação do incêndio iniciado em Monchique: “Ficamos perplexos. Como é que há um incêndio a lavrar há seis dias sem ainda estar totalmente dominado?”
Assunção Cristas disse não querer “fazer comentários em excesso” sobre um incêndio ainda por dominar, mas sublinhou que “o Governo tem estado ausente” e, garantindo que não quer fazer “ruído político”, questionou: “Por que é que demorou cinco dias para que este incêndio tenha sido assumido pelo comando nacional?...”