Empresas europeias de saída do Irão, apesar de proibição da UE

As empresas europeias com investimentos iranianos poderão vir a pedir indemnizações por eventuais prejuízos que tenham devido à entrada em vigor das sanções norte-americanas.

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Fábrica de automóveis da Peugeot Radovan Stoklasa/REUTERS

Os Estados Unidos repuseram as sanções contra o Irão esta terça-feira, depois de se retirarem do acordo sobre o nuclear e o Presidente Donald Trump declarou, desafiador, que quaisquer empresas estrangeiras que mantiverem negócios com Teerão ficariam impedidas de manter actividades comerciais com os Estados Unidos.

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Os Estados Unidos repuseram as sanções contra o Irão esta terça-feira, depois de se retirarem do acordo sobre o nuclear e o Presidente Donald Trump declarou, desafiador, que quaisquer empresas estrangeiras que mantiverem negócios com Teerão ficariam impedidas de manter actividades comerciais com os Estados Unidos.

Em resposta, e tal como tinha prometido, a União Europeia accionou o estatuto de bloqueio, um mecanismo elaborado em 1996 e que foi actualizado para continuar a apoiar o Irão: as empresas europeias que estão no Irão poderão vir a pedir indemnizações à UE por eventuais prejuízos que tenham devido à entrada em vigor das sanções norte-americanas.

Proíbe ainda cidadãos da União Europeia de cumprirem as sanções dos EUA ao Irão, a não ser que tenham uma autorização expressa para o fazer da Comissão Europeia.

Mas muitas multinacionais europeias anunciaram já a intenção de sair do Irão, como se pode verificar neste apanhado feito pela Reuters.

Daimler

O fabricante de carros e camiões alemão Daimler pôs de lado o seu plano de expandir os seus negócios no Irão. “Cessámos as nossas já reduzidas actividades no Irão, de acordo com as sanções aplicáveis”, disse a empresa, em comunicado.

No início de 2016, a Daimler tinha estabelecido uma parceria com o fabricante e vendedor de veículos Iran Khodro Co para produzir e distribuir camiões da Mercedes-Benz no país.

PSA e Renault

O fabricante da Peugeot, PSA, começou em Junho a tomar medidas para suspender as suas parcerias no Irão, enquanto a rival Renault anunciou que irá aderir ao regime de sanções dos Estados Unidos. Ambas tinham até 6 de Agosto para reduzir as suas actividades.

Um porta-voz da Renault disse que a empresa não tinha mais comentários para além do que o director de operações Thierry Bolloré disse em Julho aos analistas: “Como cumprimos as sanções dos Estados Unidos, é provável que o nosso desenvolvimento fique suspenso.”

Depois do acordo nuclear em 2015, a PSA e a Renault rapidamente se movimentaram para assinar novos acordos de produção para melhorar as suas parcerias pré-sanções com o Irão.

A PSA assinou acordos de produção no valor de 700 milhões de euros, enquanto a Renault anunciou um novo investimento em fábricas para aumentar a capacidade de produção para 350 mil veículos por ano.

Total

A Total disse que irá desistir do seu projecto de gás natural multimilionário de South Pars se não conseguir uma isenção das sanções norte-americanas – um pedido que, segundo disse o ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, no mês passado, foi rejeitado juntamente com pedidos de outras empresas francesas.

A Total assinou um contrato em 2017 para desenvolver a Fase II do campo de gás South Pars com um investimento inicial de mil milhões de dólares e ainda não disse o que irá fazer com a sua participação de 30%, no caso de se retirar. Tem até 4 de Novembro para reduzir as suas actividades no Irão, sem qualquer excepção.

ATR

O fabricante de aeronaves turbo-hélice ATR confirmou a 6 de Agosto que entregou mais cinco aviões à Iran Air pouco antes de Washington impor novas sanções, mas ainda enfrenta dificuldades em obter a permissão dos Estados Unidos para entregar sete outros aviões encomendados.

Sanofi   

A empresa farmacêutica Sanofi afirmou ser cedo para dizer se haverá qualquer impacto nas suas actividades no Irão.

A Sanofi anunciou no início de 2016 ter assinado um memorando de entendimento com Teerão com o objectivo de aumentar a sua presença no Irão. Os medicamentos estavam isentos nas sanções iniciais, apesar de o envio de medicamentos para o Irão ser complicado.

Roche

“Iremos monitorizar a situação de perto, avaliar o impacto das sanções económicas reintroduzidas e continuar a trabalhar para assegurar que os pacientes no Irão tenham acesso aos nossos produtos inovadores a nível de fármacos, de diagnóstico e da diabetes,” disse a farmacêutica suíça.

Nestlé

A Nestlé não vê consequências directas das renovadas sanções dos Estados Unidos no Irão.

A Nestlé Irão tem sede no Teerão e duas fábricas: uma em Qazvin, que produz cereais infantis e leite para bebé, e uma em Polour, que produz água engarrafada.

A empresa tem 818 trabalhadores e importa uma quantidade limitada de produtos Nestlé, segundo a mesma.

Tradução de Ana Silva