Pacheco Pereira integra comissão de conteúdos do Museu da Resistência
O despacho publicado no Diário da República desta segunda-feira determinava, por lapso, que a comissão ficaria reduzida a seis elementos, sugerindo implicitamente a saída do historiador João Bonifácio Serra e de Raimundo Narciso. Ministério da Cultura assume o erro e garante que vai ser corrigido.
O historiador José Pacheco Pereira vai passar a integrar a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) do futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, cuja composição foi esta terça-feira alterada.
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O historiador José Pacheco Pereira vai passar a integrar a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica (CICAM) do futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, cuja composição foi esta terça-feira alterada.
Por lapso, que o Ministério da Cultura assumiu entretanto ao PÚBLICO, garantindo que será corrigido, o despacho ministerial publicado no Diário da República (DR) de segunda-feira, assinado pelo titular da pasta da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, reduzia a composição da CICAM a seis elementos (eram sete, até à entrada de Pacheco Pereira), dando azo à interpretação de que os até então sexto e sétimo membros do grupo, Raimundo Narciso, do movimento Não Apaguem a Memória, e o historiador João Bonifácio Serra, respectivamente, ficariam agora de fora. Afinal, informa o gabinete de Castro Mendes, o despacho continha um lapso e Pacheco Pereira, autor de uma ambiciosa biografia do líder histórico do PCP (Álvaro Cunhal — Uma Biografia Política) que a Círculo dos Leitores começou a publicar em 1999, será o oitavo membro da CICAM.
A inclusão de Pacheco Pereira na CICAM, criada em 15 de Janeiro deste ano, é a única alteração na composição desta entidade encarregada de pensar o futuro Museu Nacional da Resistência e da Liberdade.
De acordo com o despacho de criação, a CICAM tem a missão de propor os conteúdos a expor naquele museu nacional e de orientar a apresentação museográfica, “em linha com a história da Fortaleza de Peniche desde a sua construção e a preservação da memória da sua história recente, nos contextos da resistência à ditadura e na luta pela democracia”.
A comissão integra a directora-geral do Património Cultural, Paula Silva, o presidente da Câmara Municipal de Peniche, Henrique Bertino, e o chefe de gabinete do ministro da Cultura, Jorge Leonardo.
Da CICAM fazem ainda parte Adelaide Pereira Alves, Manuela Bernardino (do PCP), os ex-presos políticos Domingos Abrantes, Fernando Rosas (historiador que tem dedicado boa parte do seu tempo ao estudo do Estado Novo), José Pedro Soares (também membro da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses) e Raimundo Narciso (representante do movimento cívico Não Apaguem a Memória) e, desde o despacho de hoje, José Pacheco Pereira.
O Governo decidiu investir 3,5 milhões de euros na recuperação da Fortaleza de Peniche, distrito de Leiria, para vir aí a instalar o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, depois de, em 2017, a ter retirado da lista de monumentos a concessionar a privados para fins turísticos, dada a polémica que tal proposta gerara.
Já este ano, foi apresentado o guia de conteúdos do museu, com 11 núcleos temáticos, e lançado o concurso de um milhão de euros para a requalificação do monumento. No final de Maio ficou a saber-se que o vencedor do referido concurso foi o atelier AR4, coordenado pelo arquitecto João Barros Matos.
A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo, de onde conseguiu fugir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.
Notícia corrigida após a confirmação, pelo Ministério da Cultura, de que o despacho ministerial continha um erro