A selfie morreu e o que está a dar são os… fotógrafos

Esqueça o selfie stick, guarde o ego em casa e deixe trabalhar quem percebe de fotografia. Há diversas empresas que vendem serviços fotográficos para viajantes. Não é barato. Mas a qualidade raramente o é.

Foto
Tal como acontece com o alojamento, com a comida, com o transporte, também há plataformas electrónicas que permitem a viajantes contratar serviços de fotografia no destino AMMAR AWAD/Reuters

Se 2013 foi o ano em que se elegeu a selfie como palavra do ano, então 2014 foi o ano da selfie (segundo o Twitter), aquele que impulsionou a selfie a tornar-se num fenómeno cultural, objecto de estudos académicos (olá selfiegate de Barack Obama, David Cameron e Helle Thorning-Schmidt), protagonista de casos notáveis (olá, Ellen DeGeneres) e razão para o selfie stick estar nas malas e mochilas de turistas (uma das 25 melhores invenções de 2014, escrevia a Time). Porém, em 2018 a selfie de turista está morta, destronada (tambores a rufar...) pela fotografia profissional. Por causa de empresas como a Shoot My Travel ou a Flytography, que vendem serviço fotográfico a viajantes, o passado voltou a ser actual e o que era moderno deixou de ser vanguardista.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Se 2013 foi o ano em que se elegeu a selfie como palavra do ano, então 2014 foi o ano da selfie (segundo o Twitter), aquele que impulsionou a selfie a tornar-se num fenómeno cultural, objecto de estudos académicos (olá selfiegate de Barack Obama, David Cameron e Helle Thorning-Schmidt), protagonista de casos notáveis (olá, Ellen DeGeneres) e razão para o selfie stick estar nas malas e mochilas de turistas (uma das 25 melhores invenções de 2014, escrevia a Time). Porém, em 2018 a selfie de turista está morta, destronada (tambores a rufar...) pela fotografia profissional. Por causa de empresas como a Shoot My Travel ou a Flytography, que vendem serviço fotográfico a viajantes, o passado voltou a ser actual e o que era moderno deixou de ser vanguardista.

Foto
Duas vistas da app Shoot My Travel: à esquerda o cardápio de cidades, à direita a página de um fotógrafo português

Pelo contrário, estar agora na linha da frente é incluir serviço de fotografia no orçamento das férias. Não é barato – mas a qualidade raramente o é. A vantagem é óbvia: põe a tarefa de documentar aquela viagem de sonho nas mãos de quem sabe do ofício e também conhece os melhores locais no destino. E além disso é muito mais seguro. Seguro? Sim: 202 pessoas morreram (quatro das quais em Portugal) nos últimos sete anos, quando tentavam tirar selfies (as contas são da Wikipedia, com base em notícias de acidentes e mortes desde 15 de Outubro de 2011, dia do primeiro caso).

Tal como acontece com o alojamento, com a comida, com o transporte, também há plataformas electrónicas que permitem a viajantes contratar serviços de fotografia no destino. A Shoot My Travel, que em 2017 passou como startup pela Web Summit em Lisboa, e a Flytography são dois exemplos dessas plataformas que reúnem fotógrafos profissionais, freelancers e amadores, e que misturam a lógica dos marketplaces com a das redes sociais, como acontece no Airbnb (alojamento), na Traveling  Spoon (comida caseira) ou na Uber (transporte ou comida de restaurante).

Tanto num caso como no outro, há sites (a Shoot My Travel tem app para iOS) para escolher o destino entre centenas de locais, pequenos e grandes, de todo o mundo (incluindo Algarve, Lisboa, Sintra, Cascais ou Porto).

Eleito o destino, escolhe-se um fotógrafo. Para cada um há uma pequena biografia e exemplos do trabalho fotográfico, bem como a avaliação dos clientes. Para finalizar a contratação, resta escolher o preçário/pacote que melhor se adequar às expectativas e ao orçamento.

Ao contrário do que parece, as vantagens destes serviços não se resumem à qualidade técnica (e as fotografias são entregues em 24 ou 48 horas). Outra mais-valia é o facto de os fotógrafos serem conhecedores dos locais, o que lhes permite propor roteiros ou programas e guiar o viajante pelos locais que melhor servem como pano de fundo às fotografias.

Ver mais

"Criámos o serviço para pessoas que gostam de viajar sem muita bagagem, e não se querem preocupar com nada. Quando estás concentrado a tirar uma boa foto, não estás a viver o momento", salienta Valerie Lopez, uma fotógrafa de Miami que fundou a Shoot My Travel em 2012.

Nesta empresa, o preço varia entre 195 dólares (inclui um tour de uma hora, apenas para quem viaja sozinho, com direito a 15 fotografias de alta resolução editadas e escolhidas pelo autor, tiradas num local à escolha) e 375 dólares (três horas em três locais e 35 imagens), havendo pacotes especiais, por exemplo para um pedido de casamento (245 dólares por 15 fotografias). Cada hora a mais custa a partir de 150 dólares, dependendo do destino.

Na Flytography, por seu lado, 30 minutos custam 250 dólares (15 fotos) e o preço sobe até 600 dólares (90 minutos, 45 imagens). Também esta empresa tem um pacote especial para casamenteiros, com preços que vão dos 350 aos 750 dólares. Neste caso, além das fotografias há entrevistas prévias e uma planificação comum, para que nada falhe na hora H.

Outra empresa chamada El Camino Travel propõe um serviço semelhante, mas opera apenas em dois destinos, Colômbia e Cuba.

O modelo de negócio é, contudo, distinto, porque se assemelha mais a um pacote típico de viagens para diferentes locais, durante diversos dias, com a companhia permanente de um fotógrafo. Os preços começam em 1200 dólares (incluem alguns transportes, algumas experiências e refeições). Mais informações aqui.