Emmerson Mnangagwa eleito Presidente do Zimbabwe

O partido Movimento para a Mudança Democrática já fez saber que rejeita os resultados das eleições.

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Emmerson Mnangagwa, do partido de Robert Mugabe e actual Presidente interino, vence as eleições presidenciais no Zimbabwe, com 2,46 milhões (50.8%) de votos e uma pequena vantagem sobre o opositor, Nelson Chamisa, do partido Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que alcançou 2,15 milhões (44,3%) dos votos. Os resultados do sufrágio de sábado passado foram conhecidos na noite desta quinta-feira, sob clima de grande tensão. O partido da oposição já fez saber que rejeita os resultados desta noite. 

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Emmerson Mnangagwa, do partido de Robert Mugabe e actual Presidente interino, vence as eleições presidenciais no Zimbabwe, com 2,46 milhões (50.8%) de votos e uma pequena vantagem sobre o opositor, Nelson Chamisa, do partido Movimento para a Mudança Democrática (MDC), que alcançou 2,15 milhões (44,3%) dos votos. Os resultados do sufrágio de sábado passado foram conhecidos na noite desta quinta-feira, sob clima de grande tensão. O partido da oposição já fez saber que rejeita os resultados desta noite. 

Quando começaram a ser apresentados os resultados, pelas 22h (21h em Portugal continental) a Comissão Eleitoral do Zimbabwe fez saber que não tinha os resultados apurados para uma das nove províncias do país. Ainda assim, avançou com o anúncio dos resultados e Emmerson Mnangagwa surgiu na frente, vencedor em cinco das nove províncias com votos contados. Nelson Chamisa conseguiria a vitória na província de Harare, a capital, onde alcançou 548 mil votos.

Para apurar os resultados da província que faltava — Mashonaland Oeste, terra natal de Robert Mugabe — houve um interregno de mais de uma hora. Mas, no final, também aí Mnangagwa ganharia.

Houve 11 mil votos rejeitados pela Comissão Eleitoral e para o MDC os resultados não são legítimos porque não foram verificados por membros do partido. 

O resultado destas presidenciais não é muito diferente do das eleições legislativas, conhecido na quarta-feira. A União Africana Nacional do Zimbabwe-Frente Patriótica (ZANU-PF, no poder) conseguiu a vitória e assegurou dois terços dos assentos parlamentares. E a oposição saiu à rua para protestar, tendo sido dispersada com canhões de água e gás lacrimogéneo.

O clima de crispação agudizou-se, e os confrontos entre as autoridades e os manifestantes da oposição fizeram seis mortos, de acordo com as fontes policiais citadas pela BBC.

Os observadores internacionais – mais de 600 enviados por organizações como a Commonwealth, a União Europeia e as Nações Unidas –, denunciaram o “uso excessivo da força para travar protestos” num comunicado conjunto. No mesmo documento, pediram que os resultados presidenciais fossem publicados “rapidamente” e de forma transparente.

A violência obrigou Mnangagwa a convocar uma “investigação independente” aos acontecimentos de quarta-feira, conforme fez saber através do Twitter. “Acreditamos na transparência e responsabilidade e os responsáveis deviam ser identificados e trazidos à justiça”, escreveu. Na mesma leva de tweets, admitiu manter conversações com o líder da oposição Nelson Chamisa para “aliviar a tensão” que se tem vivido no país.

Nesta quinta-feira, o exército patrulhava as ruas de Harare para “assegurar a calma” entre os cidadãos. A capital tornou-se numa cidade fantasma: as lojas estiveram fechadas, as fotografias mostravam destroços nas ruas e havia pequenos focos de incêndio pela cidade, segundo a Reuters. Este foi o resultado de uma quarta-feira violenta.

A campanha decorreu num ambiente pacífico, mas registaram-se alguns percalços. A título de exemplo, os cadernos eleitorais tinham cerca de 250 mil registos irregulares (incluindo um eleitor com 141 anos) de acordo com os dados da Team Pachedu, um grupo de analistas independentes.