Jorge Jesus: "Sabia que não podia ficar no Sporting"
O antigo treinador dos "leões" diz que não havia condições para a sua continuidade ou regresso a Alvalade.
Jorge Jesus reconheceu, em entrevista à Sport-TV, que a sua ida para a Arábia Saudita, onde está a treinar o Al-Hilal, foi uma solução de recurso, devido às circunstâncias do momento que se vivia no Sporting: "Abdiquei de tudo, disse-lhes que não queria nem um centavo, desde que me deixassem ir para onde quisesse. Sabia que não queria ficar no Sporting."
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Jorge Jesus reconheceu, em entrevista à Sport-TV, que a sua ida para a Arábia Saudita, onde está a treinar o Al-Hilal, foi uma solução de recurso, devido às circunstâncias do momento que se vivia no Sporting: "Abdiquei de tudo, disse-lhes que não queria nem um centavo, desde que me deixassem ir para onde quisesse. Sabia que não queria ficar no Sporting."
"Depois de tudo o que se passou não sabia para onde ia, mas sabia que não podia ficar no Sporting. Este foi o primeiro clube que me apareceu naquele momento. A partir do momento que disse que sim, não voltei com a palavra atrás. O presidente do Sporting [Sousa Cintra] fez tudo para eu ficar. Sousa Cintra, está a fazer um trabalho espectacular", começou por dizer Jesus.
O antigo técnico "leonino" recordou os seus últimos dias em Alvalade. "A última semana, os últimos 15 dias foram muito complicados. Aquela invasão à academia foi um ambiente de terror. Muito complicado. Para mim também foi mas não senti tanto como eles. Aquilo a mim não me meteu medo nenhum. Mas que deixou marcas deixou. Estivemos praticamente 10 dias sem treinar... O que me marcou foi ter perdido aquela final naquelas circunstâncias. Porque, com todo o respeito, em dez finais o Sporting ganhava as dez contra o Desp. Aves", explicou. "Toda a relação de equipa desapareceu. E isso notou-se no jogo. Mas vou voltar ao Jamor, fazer mais finais. Mas esta vai-me ficar sempre gravada", declarou.
"Senti-me um treinador impotente. Comecei a sentir no aquecimento que os jogadores não eram os mesmos, estavam muito nervosos. Eles não me ouviam. Aquela tarde foi muito complicada para nós. Depois daqueles acontecimentos todos queríamos ganhar para dar aos adeptos uma alegria mas… perdes uma final assim, sentes que foste impotente e que também tiveste alguma culpa. Eu devia ter feito tudo para que aquela final não se realizasse", declarou Jorge Jesus.
O antigo treinador dos sportinguistas disse ainda que esteve sempre do lado dos jogadores e revelou uma declaração: "Numa reunião que tive com os jogadores, em que eles decidiram pôr o comunicado, eu disse-lhes: 'ok estou com vocês mas isto vai sobrar para mim'."
O regresso a Portugal
"A minha vida é Lisboa, Portugal, os meus amigos, a minha família. É toda aquela pressão, porque treinei os dois grandes de Lisboa. Todos os dias era notícia. Isto mexe comigo. Estou aqui há um mês, um mês e pouco, e já tenho saudades", reconheceu Jorge Jesus.
"Nunca quis sair de Portugal. Tive muitas oportunidades para sair na Europa. Agora, não vou sair daqui para uma equipa que não esteja ao nível das que trabalhei em Portugal. O Sporting pagava muito mais do que o Al-Hilal paga por mim. Mas são momentos diferentes", reforçou o treinador, sentenciando: "Não vou regressar para Portugal se não for para os três grandes."
Sobre o período que passou em Alvalade, Jesus frisou o seu legado. "Quando cheguei ao Sporting a corrida era a dois e quando cheguei disse que passava a ser a três e não me enganei. Ao longo destes três anos fizemos uma grande equipa. Deixei um legado muito grande no Sporting. Vou dar um exemplo. A primeira vez que saí para o estrangeiro com o Sporting foi para a África do Sul. E quando cheguei ao aeroporto íamos num voo comercial. E a partir daí nunca mais fomos em voos comerciais."
Sobre o futebol português da actualidade, o FC Porto é o principal candidato ao título este ano na opinião de Jesus.