Maioria dos portugueses interessada em práticas de lazer erótico

Para Catarina Nadais, Portugal ainda "é uma sociedade conservadora", que não entende estas práticas "como normais", em que é difícil assumir sequer que se recorre a este tipo de serviços ou produtos.

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Reuters/CARLOS JASSO

A maioria dos portugueses revela curiosidade em produtos e serviços de lazer erótico e sexual, e são os jovens e os solteiros os que demonstram mais interesse em participar, revela um estudo da Universidade de Coimbra.

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A maioria dos portugueses revela curiosidade em produtos e serviços de lazer erótico e sexual, e são os jovens e os solteiros os que demonstram mais interesse em participar, revela um estudo da Universidade de Coimbra.

Quando questionados sobre o que pensam quando lhes é referido esse tipo de práticas, a maioria associa "curiosidade" e "interesse", sendo que apenas 3,4% e 3,5% falam de "vergonha" e de "leviandade", respectivamente, revela um inquérito da tese de doutoramento Lazeres eróticos e sexuais - práticas, consumos e percepções da população portuguesa, de Catarina Nadais.

Os que revelam mais interesse em participar ou conhecer produtos e serviços eróticos e sexuais são jovens, sendo que, dentro do estado civil, estão em maioria os solteiros e divorciados.

Das práticas com mais interesse, destacam-se as massagens eróticas (16,4%), o bodysushi [mesa erótica humana] (9,9%), jantar às escuras (9%) e motel (8,1%), refere a tese realizada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e que envolveu um inquérito a 752 pessoas.

Quanto à prática ou compra efectiva de serviços e produtos deste sector, a actividade mais referida pelos inquiridos são as sex shops (38,7%), seguido de programas de canais para adultos (36,7%) e motel (25,5%). 

Entre as actividades com menor participação estão o cruzeiro de solteiros (0,8%), bodysushi (0,9%) e o speed dating (1,2%).

A classe social mostra-se determinante no nível de conhecimento da maioria dos serviços e produtos, seja nos encontros às cegas, speed dating, sites de infidelidade, festivais eróticos ou de swing, entre outros, sem que haja depois diferenças ao nível da percentagem de participação.

O estudo revela que os sites de infidelidade são mais usados por divorciados, sendo também estes que referem mais já terem recorrido à prostituição e irem a sex shops.

Os motéis são mais conhecidos pelo grupo etário entre os 31 e os 59 anos e pertencentes a uma classe social alta.

Do inquérito realizado, 80,9% considera que não havia divulgação ou promoção das actividades de lazer erótico e sexual.

Para Catarina Nadais, Portugal ainda "é uma sociedade conservadora", que não entende estas práticas "como normais", em que é difícil assumir sequer que se recorre a este tipo de serviços ou produtos.

"Normalmente, é mais fácil lidar com a situação, com o desconforto ou com o tabu, quando há uma quase infantilização da prática", disse, apontando para as despedidas de solteiro como um exemplo em que essa infantilização acontece.

Apesar disso, nota que o interesse e curiosidade dos inquiridos neste tipo de práticas mostram que, à partida, haverá hoje "uma maior abertura da sociedade a estas práticas".

"A Internet e a comunicação social também ajudam, ou as revistas femininas que apresentam estas práticas de forma acessível, descomplexada e praticável", referiu, apesar de admitir que ainda há "preconceito e tabu" quando o tema é este.

O estudo, sublinhou, "é um ponto de partida", até porque "não há trabalho sobre isto e não se conhece o mercado que existe", afirmou Catarina Nadais, referindo que é necessário também perceber não apenas as percepções da população mas também o outro lado, de quem oferece este tipo de serviços.