Trump pede ao seu procurador-geral que trave investigação sobre a Rússia
Advogados do Presidente esclareceram que ele estava apenas a emitir uma opinião, e não a dar uma ordem.
A paciência – ou o desespero – do Presidente Donald Trump parece estar no limite. Pediu ao seu attorney general (cargo equivalente ao de ministro da Justiça), Jeff Sessions, que ponha imediatamente fim à investigação do conselheiro especial Robert Mueller sobre as suspeitas de interferência da Rússia nas eleições de 2016, que o levaram à Casa Branca.
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A paciência – ou o desespero – do Presidente Donald Trump parece estar no limite. Pediu ao seu attorney general (cargo equivalente ao de ministro da Justiça), Jeff Sessions, que ponha imediatamente fim à investigação do conselheiro especial Robert Mueller sobre as suspeitas de interferência da Rússia nas eleições de 2016, que o levaram à Casa Branca.
É algo de extraordinário: um pedido feito pelo mais alto poder da nação, para que seja posto ponto final num inquérito que tem repercussões directas em si e na sua eleição. Não é hábito, além disso, que os Presidentes interfiram nas investigações judiciais – nos EUA vigora a separação de poderes, como em qualquer democracia digna desse nome.
Os advogados de Trump vieram rapidamente tentar amenizar a mensagem do Presidente – divulgada no Twitter, o seu meio de comunicação preferido. Esclareceram que não se tratava de uma ordem do chefe do Governo americano a um membro do seu executivo, argumentando que o Presidente estava meramente a expressar uma opinião, ao dizer que "a caça às bruxas deve acabar já".
A investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições norte-americanas de 2016 levou recentemente a equipa de Mueller e o Departamento de Justiça dos EUA a acusar 12 espiões russos por pirataria informática para influenciar o processo eleitoral desse ano.
A acusação acabou por marcar a cimeira de Helsínquia (Finlândia) entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o russo, Vladimir Putin, porque Trump não pediu a extradição destes espiões, e disse que Putin negou de forma enérgica a interferência, pondo em causa os dados da investigação Mueller e das agências de espionagem americanas. Ao regressar aos EUA, teve de se desdizer, afirmando ter-se expressado mal, face à enorme vaga de reacções indignadas.
O início, esta semana, do primeiro julgamento de Paul Manafort, um dos seus directores de campanha, acusado de 18 crimes financeiros cometidos quando trabalhava em campanhas eleitorais de políticos estrangeiros – nomeadamente do ex-Presidente ucraniano pró-russo Viktor Ianukovich, deposto num levantamento popular em 2014 – terá contribuído fortemente para incendiar as opiniões de Trump.
"Olhando para trás na história, quem foi mais mal tratado, Alfonse [sic] Capone, um lendário chefe da máfia, assassino e 'inimigo público número um", ou Paul Manafort, consultor político e querido do Reagan/Dole e agora em prisão solitária – embora não tenha sido condenado por nada? Onde está o conluio com a Rússia?", interrogou Trump no Twitter.