Abrandamento da economia não trava queda do desemprego
Dados mensais do desemprego revelados pelo INE mostram manutenção de tendência de descida que pode ultrapassar projecções feitas para o final do ano.
Nem os recentes sinais de abrandamento na zona euro, nem as ameaças de uma guerra comercial internacional alteraram a tendência de melhoria das condições no mercado de trabalho em Portugal, com o desemprego a continuar a cair a um ritmo que, a prolongar-se o ritmo de descida dos últimos meses, poderia chegar à barreira dos 5% já durante o próximo ano.
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Nem os recentes sinais de abrandamento na zona euro, nem as ameaças de uma guerra comercial internacional alteraram a tendência de melhoria das condições no mercado de trabalho em Portugal, com o desemprego a continuar a cair a um ritmo que, a prolongar-se o ritmo de descida dos últimos meses, poderia chegar à barreira dos 5% já durante o próximo ano.
De acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, a taxa mensal de desemprego ajustada de sazonalidade caiu, em Maio, de 7,1% para 7%, elevando para 28 meses o período que Portugal já leva sem qualquer agravamento deste indicador.
No que diz respeito à taxa de desemprego não ajustada da sazonalidade, a descida foi ainda maior, passando-se de 7,2% em Abril para 6,8% em Maio, um resultado que não surpreende tendo em conta o efeito de criação de emprego que a aproximação do Verão normalmente tem.
Para além destes valores, o INE apresenta ainda, com base em dados preliminares, estimativas de uma nova redução da taxa do desemprego, ainda mais acentuada, durante o mês de Junho. Nos dados ajustados da sazonalidade, este indicador pode cair de 7% para 6,7% e, nos dados não ajustados de sazonalidade, de 6,8% para 6,4%.
O que os números do INE mostram é que, apesar de o ritmo de crescimento da economia portuguesa ser, de acordo com todas as projecções, mais lento em 2018 do que em 2017, a taxa de desemprego continua a cair a um ritmo semelhante e mesmo um pouco mais alto. Olhando para os dados corrigidos da sazonalidade, verifica-se que entre Maio de 2017 e Maio de 2018, a taxa de desemprego mensal diminuiu 2,2 pontos percentuais, ao passo que entre Maio de 2016 e Maio de 2017 a descida tinha sido de dois pontos percentuais, um valor ligeiramente mais baixo.
Os novos dados agora revelados reforçam também a ideia de que as projecções efectuadas para o desemprego este ano pelo Governo podem vir a revelar-se demasiado prudentes. Se o ritmo de descida da taxa de desemprego registado na primeira metade deste ano se viesse a prolongar nos próximos meses, Portugal poderia chegar ao final deste ano com uma taxa mensal na casa dos 5,5%, atingindo a barreira dos 5% (algo que aconteceu pela última vez no arranque de 2001) durante o próximo ano.
Para 2018, o Governo prevê actualmente uma taxa de desemprego anual (calculada através da média das taxas trimestrais) de 7,6%, uma estimativa feita em Abril e que na altura já representou uma revisão em baixa face aos 8,6% projectados em Outubro na apresentação da proposta de Orçamento do Estado para 2018.
Nos primeiros três meses do ano, a taxa de desemprego trimestral (que é apenas calculada sem o ajustamento da sazonalidade e com uma metodologia e universo diferente da taxa de desemprego mensal) foi de 7,9%. Os dados mensais agora publicados apontam para uma redução deste indicador, entre o período de Janeiro a Março e o período de Abril a Junho, de um pouco mais de um ponto percentual. O que isto pode significar é que existem indícios de que a taxa de desemprego do segundo trimestre, que será divulgada pelo INE na próxima semana, possa voltar a cair de forma acentuada, aproximando-se dos 7%.
O INE revela ainda que, em Maio face a Abril, a descida do desemprego aconteceu pela combinação de uma ligeira subida do número de empregados e uma redução mais forte do número de desempregados, o que significa que a população activa diminuiu durante esse período. No entanto, olhando para a variação homóloga, aquilo que aconteceu foi uma quase estabilização da população activa, com a diminuição do número de desempregados a reflectir-se numa subida quase equivalente do número de empregados.