Chegou a altura de falar de bebidas de sessão, ABV e das adaptações a fazer ao bom, velho gin tónico
No Verão, as pessoas passam para bebidas de sessão — as que têm um ABV menor para se poderem beber mais, durante mais tempo.
Ainda não há calor mas a temperatura presta-se a cocktails e outras bebidas.
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Ainda não há calor mas a temperatura presta-se a cocktails e outras bebidas.
Um dos cuidados a ter durante o Verão diz respeito à graduação alcoólica das bebidas. É fácil beber de mais, sobretudo quando o calor do álcool está disfarçado por um cocktail bem feito.
Basta fazer umas contas rápidas para ficar com uma ideia correcta do que se bebeu. É fácil contar as unidades de álcool. Se uma garrafa de gin de sete decilitros tem 40 graus, então basta multiplicar os números para saber que a garrafa tem 28 graus de álcool. Se der para fazer 14 gin tónicos, cada um terá duas unidades.
Uma garrafa de vinho branco com 7,5 decilitros a 12,5 graus tem, assim, 9,375 unidades. Uma cerveja com 3,3 decilitros a 4,5 graus tem 1,485 unidades.
É fácil determinar o ABV (Alcohol By Volume) de qualquer bebida, havendo até calculadoras online para ajudar. Basta saber as quantidades e as graduações para tirar a caneta ou puxar a calculadora.
Os japoneses que são mestres dos highballs gostam de misturar os whiskies com água até terem um ABV de 4 ou 5%, igual ou inferior ao ABV de uma cerveja ligeira. É um erro pensar que assim não sabe a whisky. Depende do whisky. O gosto é diferente do whisky puro, claro, mas é um gosto diferente e delicioso à mesma.
O gelo é que dilui muito as bebidas, sobretudo se forem demoradas, descaracterizando a bebida e levando as pessoas a cair no erro de pôr mais gin ou whisky na próxima bebida.
É por isso que, no Verão, as pessoas passam para bebidas de sessão — as que têm um ABV menor para se poderem beber mais, durante mais tempo. Gostei muito de ler e aprender com o livro Session Cocktails, de Drew Lazor com os editores da Punch, um excelente site gratuito (https://punchdrink.com) onde poderá encontrar algumas das receitas que vêm no livro.
Um cocktail que é provavelmente o mais antigo do mundo é um long drink, que é uma bebida de sessão: o sherry cobbler, do qual tenciono falar mais em Agosto. Também há bebidas deliciosas que são por definição de sessão, como os mojitos. Sendo bem feitos, o perigo é escorregarem bem.
Também há versões de sessão de quase todos os cocktails clássicos. São difíceis de determinar mas um dos truques é reduzir para metade o destilado principal e compensar com o aumento (ou a adição) de uma bebida com um ABV mais baixo.
E os gin tónicos? Pessoalmente gosto dum gin tónico em que a medida do gin seja metade da medida da água tónica. No Inverno até dá para usar uma copa enorme e despejar lá para dentro uma garrafa inteira de água tónica com um decilitro de gin. Estando frio, o gelo não derrete tão depressa e a bebida aguenta-se muito tempo.
No Verão já não é assim. A bebida dilui-se (e arrefece) depressa, levando-nos a beber mais depressa do que desejaríamos. Que fazer? Sugiro que se faça um meio gin tónico, com exactamente metade do tamanho. Abandona-se a copa e usa-se um tumbler de whisky ou duplo old-fashioned com uma abertura parecida com o da copa mas com menos volume. Tem é de ter volume suficiente para caber um cubo enorme de gelo (que derrete mais devagar) que se possa mover à vontade dentro da bebida.
Usa-se meio decilitro de gin (50ml) e meia garrafa de água tónica (100ml). Um meio gin tónico feito desta maneira tem mais gelo e pode ser bebido mais devagar.
O meu gin tónico ideal, by the way, é feito com Tanqueray Ten, rodelas de toranja, limão e lima (as três frutas frescas usadas na destilação do TT) e twists generosos de toranja e de limão. Não aperto as rodelas porque o sumo estraga o efeito. Nem sequer as piso com o cubo gigante de gelo.
Deito a água tónica (Fever Tree Indian, gelada) muito devagar sobre o gelo, para não soltar bolhinhas ou fazer qualquer barulho. Também não mexo a bebida. Se o copo for do tamanho certo, ela mistura-se sozinha. É o contrário do que se vê nos vídeos e nos bares em que há um desperdício criminoso das preciosas bolhinhas.