Vereadores do PSD contra espectáculo “lascivo” em igreja
O espectáculo de dança contemporânea realizado na Igreja da Misericórdia aconteceu em Abril no festival Metadança 2018.
Na reunião da Câmara Municipal de Leiria da passada quarta-feira, os vereadores sociais-democratas demonstraram a sua indignação para com o teor “lascivo” de um espectáculo que integrou o festival de artes performativas Metadança e cujo palco foi a Igreja da Misericórdia. Ao PÚBLICO, Fernando Costa conta que “este tipo espectáculo em qualquer outro palco era perfeitamente aceitável, mas num local onde há um altar e imagens religiosas feriu muitas susceptibilidades pelo tipo de roupa e movimentos utilizados”.
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Na reunião da Câmara Municipal de Leiria da passada quarta-feira, os vereadores sociais-democratas demonstraram a sua indignação para com o teor “lascivo” de um espectáculo que integrou o festival de artes performativas Metadança e cujo palco foi a Igreja da Misericórdia. Ao PÚBLICO, Fernando Costa conta que “este tipo espectáculo em qualquer outro palco era perfeitamente aceitável, mas num local onde há um altar e imagens religiosas feriu muitas susceptibilidades pelo tipo de roupa e movimentos utilizados”.
Em 2014, por decreto do Bispo de Leiria-Fátima e agora cardeal António Marto, a Igreja da Misericórdia, que por falta de obras e estado de degradação tinha deixado de ser utilizada para fins religiosos há já alguns anos, passou a poder acolher actividades culturais e foi reduzida, “de modo permanente, a usos profanos, deixando de ser considerado lugar sagrado”, pode ler-se no decreto publicado no site da Diocese Leiria-Fátima.
Apesar da igreja em questão ter sido cedida para a realização de actividades como aquelas que integraram o festival Metadança nos dias 28 e 29 de Abril, a performance lá realizada mereceu críticas de várias entidades. Segundo o vereador, a Diocese de Leiria-Fátima e da Santa Casa da Misericórdia de Leiria já criticaram, “e com razão”, a performance uma vez que, “nos termos da Lei Canónica, quando uma igreja deixa de ser usada para fins religiosos pode ser usada para fins profanos com o limite de que não haja actividades de natureza lasciva”.
Contactada pelo PÚBLICO, a organização do Metadança afirma que “o festival e a equipa formada por alunos da Escola Superior de Dança e que contribuiu para a criação desta performance não veiculou qualquer tipo de manifestação anti-religiosa ou quis utilizar a Igreja para fins sórdidos, sendo que a fisicalidade e a coreografia apresentada no local não evocam nem se enquadram no conceito de sórdido”.
A organização acrescenta que até à data não foram contactados para esclarecer “qualquer tipo de questões sobre as performances realizadas no Centro de Diálogo Intercultural por qualquer tipo de entidade religiosa ou partido político.”
As imagens da performance têm sido criticadas e divulgadas nas redes sociais e em vários sites de índole religiosa. No entanto, e segundo os promotores do Metadança, “as críticas baseiam-se exclusivamente em registos fotográficos e especulações e não no visionamento do espectáculo nos seus locais.”
A organização acrescenta que depois de terminada a performance houve lugar para o público intervir caso achasse necessário e para “expressar qualquer tipo de contestação na utilização da Igreja.” Pelo contrário, “foram expressos elogios e boas críticas sobre a performance”.
Segundo Fernando Costa, a questão foi discutida em reunião de câmara com o vereador da cultura, Gonçalo Lopes, sendo que acabou por ser “acordado que devem ser impostos limites nos espectáculos desta natureza em espaços religiosos” pela Câmara Municipal uma vez que é a seu cargo que está a gestão do edifício e programação das suas actividades. Para o vereador “não se trata de censurar mas de respeitar a religião católica e as susceptibilidades dos seus crentes. Quando alguém pede para fazer um espectáculo deve ser avaliada qual a sua natureza, para que este tipo de problema não aconteça outra vez”.
As oito edições do Festival Metadança têm tido como palco outros locais da cidade onde foram desenvolvidas performances semelhantes como o castelo de Leiria, a Igreja da Pena, o Moinho de Papel e o Museu de Leiria.
Texto editado por Ana Fernandes