Miradouro de Sta. Catarina fechado para obras o resto do Verão
O miradouro vai passar a ter uma vedação permanente. Câmara quer que o quiosque se responsabilize pela limpeza do espaço.
O Miradouro de Santa Catarina, em Lisboa, está fechado ao público desde a manhã desta quinta-feira. A câmara de Lisboa decidiu iniciar agora a requalificação do espaço, que estará inacessível pelo menos até ao fim do Verão.
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O Miradouro de Santa Catarina, em Lisboa, está fechado ao público desde a manhã desta quinta-feira. A câmara de Lisboa decidiu iniciar agora a requalificação do espaço, que estará inacessível pelo menos até ao fim do Verão.
“Isto carece de uma limpeza”, diz solícito a quem passa o agente da Polícia Municipal para ali destacado para zelar pelo bom andamento dos trabalhos. A meio da manhã, o gradeamento verde está praticamente completo, rodeia o espaço do miradouro de uma ponta à outra, e só o quiosque, à esquerda, e um restaurante, à direita, estão acessíveis.
Vários turistas portugueses e estrangeiros chegam ao local, dão com o nariz na grade e, perante a ausência de uma placa que lhes diga porque não podem abeirar-se mais, o agente lá lhes vai dizendo que aquilo como está não pode ser, basta olhar para o antigo relvado que é agora um bocado de terra depenada, ou para a pedra lioz toda suja e pichada. Se as vistas sobre o Tejo e o casario são bonitas, o cenário em redor do temível Adamastor de pedra já teve mais encanto.
O vice-presidente da câmara de Lisboa anunciou as obras na reunião autárquica de quarta-feira, depois de questionado pelo PCP. Ao PÚBLICO, Duarte Cordeiro explica que haverá “três momentos de intervenção” e que “qualquer um deles exigia a vedação”. O primeiro, a avançar já, é a recuperação do espaço verde, que para ter “o devido descanso” não pode ser pisado. Aliás, o autarca diz que deverá ser colocada “uma pequena vedação” em redor do relvado, como em tempos existiu e ainda se encontra em alguns jardins lisboetas.
Isso acontecerá no segundo momento, o da recuperação do espaço público, durante o qual se vai promover “a melhoria da iluminação pública” e a colocação de uma vedação definitiva à volta de todo o miradouro. O objectivo é “estabelecer momentos de descanso para o miradouro, que facilitem a sua manutenção”, explica Duarte Cordeiro. Ou seja, durante alguns períodos o acesso ao miradouro pode vir a ser restringido.
E aqui entra o terceiro momento, o da “responsabilização do quiosque pela manutenção do espaço”, diz o autarca. O quiosque do miradouro é um sítio muito popular, não só pela beleza das vistas mas também porque o preço das bebidas é relativamente barato quando comparado com outros estabelecimentos ali perto. Mas muitos dos que frequentam o Adamastor abastecem-se de cerveja e comida nas lojas de conveniência mais próximas antes de assentarem arraiais no miradouro. É frequente, sobretudo ao fim da tarde, encontrar por ali grupos a fazer botellón e a tocar guitarra.
Duarte Cordeiro afirma que vai tentar negociar com quem explora o quiosque para assumir responsabilidades na limpeza do miradouro – mas vai já adiantando que “provavelmente vai ser necessário a câmara alegar o interesse público e rescindir o contrato”. Contactada pelo PÚBLICO, a proprietária do quiosque optou por não fazer comentários.
O miradouro de Santa Catarina teve grandes obras de remodelação há quatro anos, adquirindo a configuração que tem agora (com pedra lioz, candeeiros modernos, um gradeamento cinzento, etc.), segundo projecto do atelier de arquitectura Proap. Há mais de um ano que a Junta de Freguesia da Misericórdia, que tutela o território onde está o miradouro, pediu à câmara para fazer obras. Nessa altura, a presidente da junta Carla Madeira disse ao PÚBLICO que “a zona de Santa Catarina é uma das mais complicadas na freguesia no que diz respeito à segurança e às condições do espaço público”, sobretudo “devido à presença de vendedores de estupefacientes”.
Duarte Cordeiro diz que a câmara tem “estado a conversar com a junta, porque o miradouro é apenas uma parte da questão”. O vice-presidente quer ainda melhorar a higiene urbana da zona, colocando contentores maiores, e a segurança, colocando um sistema de videovigilância.
E porquê iniciar as obras em pleno Verão? “Foi o timing da direcção municipal que gere os espaços verdes. Não havia nenhuma razão para que não fosse agora”, explica Duarte Cordeiro.