Câmara de Lisboa recorreu de decisão que suspende museu judaico
A Associação do Património e da População de Alfama não se opõe a que o museu seja construído em Alfama, mas não concorda que seja erguido no Largo de São Miguel.
A Câmara Municipal de Lisboa anunciou nesta quarta-feira que recorreu da decisão do tribunal, conhecida em meados de Junho, que suspendeu a demolição de edifícios no Largo de São Miguel, para onde estava prevista a construção de um museu judaico.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Câmara Municipal de Lisboa anunciou nesta quarta-feira que recorreu da decisão do tribunal, conhecida em meados de Junho, que suspendeu a demolição de edifícios no Largo de São Miguel, para onde estava prevista a construção de um museu judaico.
Falando na reunião pública do executivo, que decorre esta noite nos Paços do Concelho, o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, afirmou que "com a última decisão do tribunal, as obras pararam e a câmara recorreu".
A decisão tem como base uma providência cautelar apresentada pela Associação do Património e da População de Alfama (APPA) em Outubro, e que em Janeiro obteve decisão desfavorável do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa. Após recurso, um acórdão do Tribunal Central Administrativo Sul deu razão à APPA.
De acordo com a decisão, para cumprimento imediato, fica "suspensa a eficácia das deliberações da Câmara Municipal de Lisboa sobre a obra e é determinada a não-demolição dos edificados existentes no local projectado para o Museu e respectivo edifício de apoio".
Agora, "está a decorrer o processo de apreciação do recurso da Câmara", disse nesta quarta-feira o vereador.
Anteriormente, lembrou o eleito, "houve uma primeira sentença que deu razão à câmara, houve uma segunda que anulou a primeira e no ínterim foram feitas algumas obras de demolição".
"Uma parte significativa das obras de demolição foram feitas", apontou Manuel Salgado, apontando que a Câmara de Lisboa foi informada "pela Protecção Civil que há uma situação de risco de cair parte da parede que ficou de pé".
Perante isto, o município pediu "ao tribunal a possibilidade de, por questões de segurança de pessoas e bens, demolir uma parede, que é o que falta relativamente a um dos edifícios".
"Feita essa demolição para não haver riscos, aguardamos a decisão do tribunal", rematou o autarca.
Manuel Salgado respondia assim ao munícipe Sérgio Brás, dirigente da APPA, que levantou a questão na reunião da vereação.
O responsável defendeu que "este veredicto representa uma oportunidade para a Câmara tomar as medidas adequadas, com vista a recuperar estes edifícios para habitação de longo prazo".
Nesse sentido a APPA lançou uma petição, que conta com "mais de 400 assinaturas", e será entregue brevemente, acrescentou.
A associação não se opõe a que o museu seja construído em Alfama, mas não concorda que seja erguido no Largo de São Miguel.
Na reunião de hoje, a Câmara de Lisboa aprovou, por unanimidade, submeter a consulta pública o reconhecimento, como entidade de interesse social local, da Colectividade Cultural e Recreativa de Santa Catarina (Chapitô), e da Associação República do Santo Condestável.