Surto de ébola dado como terminado na República Democrática do Congo
O vírus matou neste último surto 33 pessoas.
O ministro da Saúde da República Democrática do Congo declarou esta terça-feira o fim do surto de ébola no país ao fim de 42 dias sem novos casos. Terão morrido 33 pessoas.
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O ministro da Saúde da República Democrática do Congo declarou esta terça-feira o fim do surto de ébola no país ao fim de 42 dias sem novos casos. Terão morrido 33 pessoas.
Declarado inicialmente no Noroeste do país em Abril, o surto foi enfrentando rapidamente pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e as autoridades congolesas, incluindo o envio de uma vacina experimental administrada a mais de 3300 pessoas. Isso ajudou a conter o impacto do vírus do ébola mesmo quando chegou à cidade de Mbandaka. Com uma população de mais de 1,5 milhões de pessoas, essa cidade tem ligações áreas e por rio frequentes com a capital do país, Kinshasa.
“Declaro, a partir deste dia, o fim da epidemia do ébola na província do Equador, na República Democrática do Congo”, disse o ministro da Saúde, Oly Ilunga Kalenga, em comunicado. Um surto de ébola é normalmente dado por terminado quando, ao fim de 42 dias de análises ao sangue do último caso confirmado, os resultados são negativos.
O vírus do ébola causa febre hemorrágica e vómitos e dissemina-se através do contacto directo com os fluidos corporais. A epidemia iniciada no final de 2013 na África ocidental, cujo pico foi atingido em 2014 mas se prolongou até 2016, matou pelo menos 11.300 pessoas na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria. Essa foi a maior epidemia de ébola até ao momento.
Apesar das mortes, a contenção deste último surto, o nono na República Democrática do Congo desde a detecção do vírus perto do rio Ébola nos anos 70, foi considerada um sucesso, dadas as dificuldades ambientais enfrentadas. A vacina teve de ser mantida entre 60 a 80 graus Celsius negativos em zonas remotas do país que é bastante húmido, com problemas de fornecimento de electricidade. Era também preciso obter uma declaração de consentimento informado assinada por cada pessoa que quisesse tomar a vacina, o que levantou barreiras linguísticas e culturais.
“A OMS agiu rapidamente e de forma eficiente”, disse o director regional para África da OMS, Matshidiso Moeti. “Dezenas de peritos da Guiné-Conacri passaram semanas a coordenar os esforços de vacinação, transferindo conhecimentos que irão permitir à República Democrática do Congo montar uma resposta eficaz tanto dentro das suas fronteiras como para lá delas.”
Esta rapidez marca uma inversão em relação às críticas que a OMS foi alvo ao reagir de forma muito lenta na epidemia de 2013-2016 e sugere que, se se reagir rapidamente e com uma vacina, a ameaça do vírus do ébola pode ser eliminada.
Jeremy Farrar, especialista em doenças infecciosas e director do Wellcome Trust, organização de beneficência na área da saúde global, considera que o surto terminou mais cedo do que se estava à espera devido a uma resposta rápida. “Não somos observadores passivos. Este surto chegou ao fim devido às acções que foram tomadas.”