Clima húmido não afecta quantidade das colheitas mas compromete sabor

O volume da generalidade das colheitas em 2018 é “bom”, apesar do tempo instável registado nos últimos meses, mas a qualidade dos produtos pode ser afectada pela falta de sol, disse à Lusa a Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

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Rui Gaudencio

“As colheitas deste ano, em geral, são boas, embora haja nuances. Há produções permanentes (frutas) com volumes de colheitas bastante assinaláveis, acima do normal, o mesmo acontece com o azeite. Também há que diferenciar o azeite produzido no olival [tradicional] do ‘óleo de azeitona’, mais produzido no olival superintensivo, que gosta e precisa de água”, disse o dirigente da CNA, João Dinis, em resposta à Lusa.

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“As colheitas deste ano, em geral, são boas, embora haja nuances. Há produções permanentes (frutas) com volumes de colheitas bastante assinaláveis, acima do normal, o mesmo acontece com o azeite. Também há que diferenciar o azeite produzido no olival [tradicional] do ‘óleo de azeitona’, mais produzido no olival superintensivo, que gosta e precisa de água”, disse o dirigente da CNA, João Dinis, em resposta à Lusa.

De acordo com o responsável, apesar do volume de colheitas registar “boas quantidades”, as produções mediterrâneas a céu aberto, como frutas e hortícolas, “também precisam de muito sol, que tem faltado este ano”.

Por isso, “a qualidade, mais entendida até como o bom sabor, não é a melhor e [há] ainda produções desta época que se atrasam na sua maturação, [precisamente] pela falta de sol”.

A agricultura familiar também tem sofrido com o clima mais húmido, que proporciona “o crescimento exagerado de ervas”, atrasando “o trabalho das máquinas na colheita” e, consequentemente, aumentando os custos de produção.

Por sua vez, a vinha “apresenta-se com boas perspectivas”, embora necessite de muitos tratamentos contra, por exemplo, pragas e doenças, “o que faz aumentar os custos de produção”.

“Há culturas permanentes - para além da floresta - que sofreram bastante com os incêndios florestais. Arderam olivais, pomares, vinha e também apicultura e pecuária no geral, o que implica a redução destas produções nas regiões onde passaram os piores incêndios e que também provocaram perda de rendimentos”, frisou.

Para João Dinis da CNA, o escoamento destes bens agro-alimentares continua a ser influenciado pela “’ditadura’ comercial dos hipermercados, ficando o pequeno e médio produtor de base familiar sem acesso às prateleiras”.