A década dela
The Cost of Living, o novo livro de Deborah Levy, é tão bom que só o li uma hora por dia para o fazer durar.
The Cost of Living, o novo livro de Deborah Levy, é tão bom que só o li uma hora por dia para o fazer durar. Cada frase é escrita e reescrita até ter a beleza e o peso e a originalidade de um achado. São é poucos, porque o livro é curto e parece mais curto ainda pela gula e curiosidade com que se lê.
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The Cost of Living, o novo livro de Deborah Levy, é tão bom que só o li uma hora por dia para o fazer durar. Cada frase é escrita e reescrita até ter a beleza e o peso e a originalidade de um achado. São é poucos, porque o livro é curto e parece mais curto ainda pela gula e curiosidade com que se lê.
Acabei por lê-lo em duas horas, em duas levitantes sessões. Levy apresenta-nos maravilhas criadas e pensadas por ela, mas também tem a generosidade, raríssima na boa escrita subjectiva, de trabalhar maravilhas alheias, feitas por outras pessoas, escritoras ou não, que ela edita e ilumina até deslumbrarem.
Por volta dos 50 anos ela conta-nos que acabou um longo casamento e morreu a mãe dela. Digamos que foi em 2009 ou 2010. Ela começa a escrever sobre ela própria, preparando-se lentamente para passar a escrever na arriscada primeira pessoa.
Publica cinco livros entre 2011 e 2018: dois romances, duas memórias e um livro de contos, Black Vodka and Other Stories (2013), que estou a ler conto por conto por serem tão poucos.
O espanto é este: cada livro é muito bom (e muito curto), mas, excepcionalmente, não sei como, cada livro consegue ser melhor do que os anteriores. Não conheço outro escritor contemporâneo de quem se possa dizer o mesmo — parece impossível.
Não é. É uma série de renascimentos à volta de uma série de mortes. Sugiro que se leia em sequência a prodigiosa década de Deborah Levy: Swimming Home (2011), Things I Don’t Want To Know (2014). Hot Milk (2016) e The Cost of Living (2018).