O Presidente Ortega está a transformar-se no ditador Somoza
Na Nicarágua a ironia, ou tragédia, é o antigo guerrilheiro estar cada vez mais parecido com o tirano que derrubou.
Daniel Ortega notabilizou-se como um combatente pela liberdade, liderando uma revolução de esquerda contra o cruel regime dinástico dos Somoza, que teve como figura inspiradora as forças de César Augusto Sandino que se revoltaram contra os Marines norte-americanos, antes da II Guerra Mundial, na Nicarágua.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Daniel Ortega notabilizou-se como um combatente pela liberdade, liderando uma revolução de esquerda contra o cruel regime dinástico dos Somoza, que teve como figura inspiradora as forças de César Augusto Sandino que se revoltaram contra os Marines norte-americanos, antes da II Guerra Mundial, na Nicarágua.
A ironia, ou a tragédia, é que hoje, aos 72 anos, de regresso à presidência do país desde 2006, depois de ter sido derrotado nas eleições de 1990, Ortega caminha a passadas cada vez mais determinadas para se transformar num tirano tal como aquele que derrubou em 1979, quando liderava a Frente Sandinista de Libertação Nacional.
Fez alianças com políticos corruptos da direita, acabou com os limites de mandatos presidenciais nomeando juízes favoráveis para o Supremo Tribunal (vai já no terceiro consecutivo), e nas últimas eleições proibiu a candidatura do principal opositor. Tem mantido satisfeitos os empresários e a Igreja Católica — com uma proibição absoluta do aborto — e evita meter-se em apuros com os EUA, endividando-se com a China.
Nada resta do idealismo ou da luta pela liberdade