Nuvens negras
O país tem de ser capaz de preparar uma enérgica e imprescindível reação de que deve dar sinais já no Orçamento de Estado para 2019.
Na política nacional tenho a perceção de que o bom tempo está a chegar ao fim. Juros, inflação, preços do petróleo muito baixos, turismo a aumentar como nunca se tinha visto e a economia e as exportações a crescerem foram fatores que contribuíram para a existência de um clima ameno e um céu azul, como diz a canção, azul até demais. Gostaria que assim continuasse mas neste verão pressinto a chegada de nuvens negras. Refiro algumas:
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Na política nacional tenho a perceção de que o bom tempo está a chegar ao fim. Juros, inflação, preços do petróleo muito baixos, turismo a aumentar como nunca se tinha visto e a economia e as exportações a crescerem foram fatores que contribuíram para a existência de um clima ameno e um céu azul, como diz a canção, azul até demais. Gostaria que assim continuasse mas neste verão pressinto a chegada de nuvens negras. Refiro algumas:
A guerra comercial dá os seus passos sob o comando de Trump. O Banco de Portugal acaba de avisar sobre as consequências negativas que daí podem resultar para a economia portuguesa. O PIB pode cair 2,5% em três anos e a taxa de inflação subir 1,4%.
Pela primeira vez um Estado-membro e com a importância do Reino Unido, abandona o projeto europeu, com consequências nas verbas da política de coesão, o que afeta também negativamente o nosso País.
A Europa mostra uma exasperante incapacidade para tratar dos problemas relacionados com a chegada de refugiados à Europa, a ponto de um “cartoon” publicado no El Pais colocar a alternativa entre “uma Europa sem fronteiras ou fronteiras sem Europa”.
A reforma da zona euro, apesar das propostas de Macron e de algum entendimento que pareceu existir com a Chanceler alemã, tarda em avançar, o que deixa os Estados-membros mais frágeis, como é o nosso caso, em situação desfavorável em relação a outros.
Chegou-se a uma situação em que não se vislumbra praticamente nenhum ponto relevante em que exista entendimento político entre os Estados Membros da União, o que prejudica, por regra, os mais débeis.
Desde a segunda guerra mundial que, pela primeira vez, um Presidente americano apoia a desintegração do projeto europeu, que os próprios Estados Unidos ajudaram a fundar.
Trump e Putin parecem estar unidos no desejo de contribuírem para o fim do projeto de integração política e económica europeu que foi o mais sofisticado, que alguma vez se desenvolveu à escala planetária.
Na Europa, são cada vez em maior número os governos que defendem posições que objetivamente contrariam os valores fundamentais do projeto europeu. Este cenário da desintegração desse notável projeto não augura nada de bom para Portugal.
Estas nuvens têm todas a sua origem no exterior e aí reconheço que pouco se poderá fazer.
Mas o País tem de ser capaz de preparar uma enérgica e imprescindível reação de que deve dar sinais já no Orçamento de Estado para 2019. Se for bem claro que as prioridades do Orçamento estarão direcionadas para o investimento na ciência, na inovação, nas novas tecnologias, nas economias digital e circular e em políticas que favoreçam a coesão territorial, através de medidas que descriminem de forma positiva o interior, então as nuvens negras poderão não ser tão sombrias.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico