Novos capítulos da trama russa não beliscam ânimo de Trump para a cimeira com Putin

Nos EUA pede-se cancelamento da cimeira. Mas o Presidente norte-americano não altera planos – e descontrai a jogar golfe.

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Alheio às críticas sobre a Rússia, Trump joga golfe no seu resort na Escócia Reuters/HENRY NICHOLLS

A divulgação da mais detalhada e exaustiva acusação do Governo federal à interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 foi recebida pelo Presidente dos Estados Unidos com distanciamento. Na véspera de um encontro inédito, em Helsínquia (Finlândia), com Vladimir Putin, e perante as pressões internas para cancelar a cimeira ou confrontar o seu homólogo russo com as novas relevações da investigação de Robert Mueller, Donald Trump não se mostrou interessado em proceder a alterações na agenda.

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A divulgação da mais detalhada e exaustiva acusação do Governo federal à interferência russa nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 foi recebida pelo Presidente dos Estados Unidos com distanciamento. Na véspera de um encontro inédito, em Helsínquia (Finlândia), com Vladimir Putin, e perante as pressões internas para cancelar a cimeira ou confrontar o seu homólogo russo com as novas relevações da investigação de Robert Mueller, Donald Trump não se mostrou interessado em proceder a alterações na agenda.

O silêncio da Casa Branca sobre o anúncio do Departamento de Justiça, na sexta-feira, relativo ao indiciamento de 12 espiões militares russos pelos crimes de pirataria informática e furto de informação dos servidores dos membros da campanha presidencial de Hillary Clinton, apenas foi quebrado neste sábado, e por um tweet provocador do Presidente, que se limitou a apontar o dedo ao seu antecessor.

“As histórias que ouviram sobre os 12 russos aconteceram durante a Administração Obama e não durante a Administração Trump. Por que é que eles não fizeram nada, tendo em conta que o Presidente Obama foi informado pelo FBI em Setembro, antes da eleição?”, questionou Trump, a partir do seu resort na Escócia, onde se encontra a jogar golfe.

Na véspera, acompanhado por Theresa May – com quem se reuniu no âmbito de uma visita ao Reino Unido marcada por protestos em todo o país –, já tinha abordado o tema com desprendimento, prometendo que iria voltar a fazer a Putin a “pergunta favorita” dos jornalistas, sobre se interferiu nas eleições americanas.

“Claro que vou referir esse assunto. Mas não esperem ouvir um: ‘Sim, a culpa é minha, apanharam-me!’”, zombou Trump, que esclareceu que as prioridades do encontro em Helsínquia passam pela discussão da proliferação nuclear, da guerra na Síria e da situação da Crimeia (Ucrânia).

Desde o primeiro dia de funções que a actual Administração tem sido incapaz de afastar a nuvem negra da ‘mão’ russa nas eleições de 2016 e das suspeitas de colaboração entre elementos da campanha de Trump e agentes ligados ao Kremlin.

O Presidente insiste que a investigação dirigida pelo procurador especial Mueller é a “maior caça às bruxas da História americana”, mas a verdade é que dela já resultaram acusações a 32 pessoas – entre cidadãos russos e norte-americanos –, incluindo o seu ex-director de campanha, Paul Manafort.

Segundo o Washington Post, o chefe de Estado sabia há vários dias que iam ser feitas as acusações aos espiões russos, uma vez que se reuniu com o procurador-geral adjunto Rod J. Rosenstein antes de iniciar a viagem à Europa. Mesmo conhecedor do conteúdo do documento de 29 páginas do Departamento de Justiça e consciente das repercussões que a sua divulgação iria causar, Trump optou por não fazer qualquer referência ao assunto durante a cimeira da NATO, em Bruxelas, ou na visita a May, em Chequers.

Se o ânimo do Presidente dos EUA – que não se tem coibido de defender a reintegração de Moscovo nos canais tradicionais de cooperação internacional, como o G7 – não parece ter ficado beliscado com o engordar do dossiê russo com mais um pormenorizado ficheiro, o mesmo não se pode dizer da classe política norte-americana, tanto no Partido Democrata como no Partido Republicano. 

O senador republicano John McCain defendeu, em comunicado, que “se o Presidente Trump não está preparado para responsabilizar Putin” pela interferência nas presidenciais, então mais vale “não avançar” para a cimeira de Helsínquia. 

Uma solução que os democratas Charles Schumer e Nancy Pelosi também apoiam e que os congressistas do partido no comité dos Assuntos Externos subscreveram, numa carta dirigida ao chefe de Estado: “Infelizmente, devido às suas constantes manifestações de simpatia para com Vladimir Putin, aos seus conflitos de interesse e aos seus ataques aos nossos aliados mais próximos, não confiamos que possa negociar lealmente com o líder russo, pelo que solicitamos que cancele o encontro”.