O mal de não tentar
Entristeceu-me o comportamento da selecção inglesa depois do segundo golo da Bélgica.
Os ingleses ensinaram-me a fazer o melhor que podia porque era a única maneira de ficar descansado, fosse qual fosse o resultado. Ninguém consegue ir além do maior esforço que pode fazer.
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Os ingleses ensinaram-me a fazer o melhor que podia porque era a única maneira de ficar descansado, fosse qual fosse o resultado. Ninguém consegue ir além do maior esforço que pode fazer.
A vantagem e desvantagem desta regra é que o nosso melhor fica a descoberto: aos nossos olhos e aos olhos dos outros. Não podemos fingir que podíamos ter feito um esforço maior - e ter ganho ou ficado em melhor posição.
A versão mínima é quase uma exigência e é resumida pela frase at least you tried: pelo menos tentaste. É uma consolação valiosa. Se perguntarem porque é que tentei arranjar bilhete se sabia que era quase certo não conseguir, posso sempre responder que assim sei que tentei e não consegui. Se não tivesse tentado ficaria sempre na dúvida. Tenta-se para não ficar na dúvida.
É uma regra que se recomenda para todas as coisas da vida. Tenta-se e não se consegue. Não se perdeu nada. A tentativa satisfaz de outra maneira.
Entristeceu-me o comportamento da selecção inglesa depois do segundo golo da Bélgica. Ainda tinham 10 minutos mas ao contrário de todas as equipas que vi no Mundial (incluindo a Inglaterra) não aproveitaram cada minuto para tentar marcar um golo.
Deixaram-se ficar. Jogaram como se estivessem a ganhar. Para todos os efeitos jogaram para proteger o 2-0. Jogaram para tentar impedir o 3-0.
Isto vai completamente contra o espírito inglês. Não tem nada a ver com o futebol ou com o talento. Tem a ver com a obrigação de tentar. Mesmo minimamente. E não deixarem-se derrotar.