Antes das novas estações de metro, chegam primeiro a Santos e à Estrela o ruído e as poeiras
O Estudo de Impacte Ambiental das obras de prolongamento do metropolitano de Lisboa está desde esta quinta-feira disponível para consulta pública.
Quem mora nas zonas da Estrela, S. Bento e Santos pode contar com ruído, vibrações e poeiras durante pelo menos um ano e meio. Esta é uma das conclusões do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das obras de prolongamento do metropolitano de Lisboa, que esta desde esta quinta-feira em consulta pública. Os trabalhos, refere, terão uma duração de três anos e meio, no máximo, mas espera-se que as perturbações não se façam sentir durante todo este tempo.
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Quem mora nas zonas da Estrela, S. Bento e Santos pode contar com ruído, vibrações e poeiras durante pelo menos um ano e meio. Esta é uma das conclusões do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) das obras de prolongamento do metropolitano de Lisboa, que esta desde esta quinta-feira em consulta pública. Os trabalhos, refere, terão uma duração de três anos e meio, no máximo, mas espera-se que as perturbações não se façam sentir durante todo este tempo.
O projecto consiste na ampliação da actual rede de metro, através do prolongamento da linha amarela, desde o Rato até ao Cais do Sodré. Quando concluído, reforçará a conectividade entre as linhas verde e amarela, e pretende aumentar a transferência do transporte individual para o transporte público, melhorando o actual serviço, não só por passar a servir uma nova zona com duas novas estações — Estrela e Santos —, mas também “por permitir uma circulação mais cómoda por não haver necessidade de troca de linha, por exemplo, nas estações da Baixa Chiado e do Marquês de Pombal”, pode ler-se no EIA, elaborado pela empresa Matos, Fonseca & Associados.
O investimento associado a este projecto é de cerca de 266 milhões de euros e será financiado por fundos comunitários e pelo Banco Europeu de Investimento.
Segundo o relatório, durante a realização das obras “é de esperar uma degradação da qualidade do ar em resultado das movimentações de terras e da circulação de viaturas e maquinaria, um aumento dos níveis de ruído devido à realização de trabalhos à superfície e que se façam sentir vibrações nos edifícios mais próximos”. No entanto, o relatório garante que “só no caso de edifícios em pior estado de conservação é que será mais provável a ocorrência de danos em resultado das vibrações causadas pelas obras.”
Impactos das obras
A realização das obras irá causar perturbações temporárias na circulação pedonal, automóvel e linhas de eléctrico e comboio “em resultado da ocupação de espaços públicos e dos desvios de tráfego que será necessário realizar.” Nalguns casos poderão também ocorrer perturbações nos acessos a garagens, além do facto que a paisagem urbana será afectada “pela presença das áreas de estaleiro e toda a perturbação associada a este tipo de infra-estruturas”, pode ler-se no relatório.
Existem ainda as interferências com as várias infra-estruturas existentes no subsolo (redes de abastecimento de água, saneamento, electricidade, gás e telecomunicações).
Segundo o relatório, a ocupação dos estaleiros nas zonas do Liceu Pedro Nunes, estação Estrela (no antigo Hospital Militar), no ISEG e estação de Santos será permanente na duração da obra e demorará 3,5 anos. A ocupação das zonas a céu aberto entre o Regimento de Sapadores Bombeiros, na D. Carlos I, e o Cais do Sodré (galeria a céu aberto e estação Cais do Sodré) será feita por fases “de forma a minimizar as áreas a ocupar na via pública e respectivas durações, e manter o trânsito de superfície e o funcionamento das ocupações de subsolo, recorrendo aos desvios provisórios que forem necessários.”
A obra irá causar também congestionamentos no trânsito e nas vias de circulação próximas às frentes de obras, o que obriga a um planeamento de rotas alternativas, embora isso não possível em alguns casos, como o da 24 de Julho, onde passam vários meios de transporte e a obra será feita à superfície.
Segundo o relatório, existe um protocolo de cooperação entre o e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) para que todas as obras sejam acompanhadas por técnicos desta instituição. Segundo o relatório, “este aspecto é particularmente relevante pois as obras irão desenvolver-se em meio geológico susceptível a intervenções, com a possibilidade de ocorrência de deslizamentos e existência de água nas frentes de obra”.
Sendo que as obras estão previstas para uma zona fortemente urbanizada, com presença de muitos edifícios antigos, o relatório afirma que foi necessária uma avaliação do estado dos prédios que teve como objectivo a definição de “medidas que reduzam o risco de danos nas estruturas existentes ao longo do traçado, induzidos pela escavação do túnel e/ou de outras estruturas.”
Haverá também acompanhamento arqueológico.
A criação da linha circular do metro e consequentes obras de expansão têm estado debaixo de polémica, nomeadamente por parte de um grupo de cidadãos de Odivelas que afirma que “a criação da rede circular no metropolitano de Lisboa vai apresentar inconvenientes para os utentes e para a operação e manutenção da linha, pondo em causa o equilíbrio da rede e comprometendo o crescimento futuro”. A Linha Amarela passará a ligar Odivelas a Telheiras (com desvio no Campo Grande) e as restantes actuais estações que fazem parte desta linha (Cidade Universitária - Rato) passarão a fazer parte da Verde, que irá assumir um trajecto circular, fazendo com que quem viaja de Odivelas tenha de trocar em Telheiras para chegar ao centro da cidade.
Texto editado por Ana Fernandes