De quantas maneiras Rui Rio já disse que não é a favor nem contra o OE?
"Podem dizer o que quiserem, eu repito o que digo desde pequenino: não sou a favor nem contra aquilo que desconheço", repete o social-democrata de todas as formas possíveis.
Nos últimos meses, Rui Rio tem sido pressionado no interior do próprio PSD a revelar como vai o partido votar o último Orçamento do Estado (OE) da "geringonça". Há sociais-democratas que não se sentem confortáveis com a não-posição do líder, mas o líder não cede. Já disse que "não tem posição" sobre um documento que desconhece. Já defendeu a estabilidade política, mas avisou que "não deve ser conseguida a qualquer preço”. Já disse que “o PSD nunca poderá concordar com um documento completamente contrário ao que o país necessita". E resumiu: “Nem estou a favor nem contra, antes pelo contrário”.
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Nos últimos meses, Rui Rio tem sido pressionado no interior do próprio PSD a revelar como vai o partido votar o último Orçamento do Estado (OE) da "geringonça". Há sociais-democratas que não se sentem confortáveis com a não-posição do líder, mas o líder não cede. Já disse que "não tem posição" sobre um documento que desconhece. Já defendeu a estabilidade política, mas avisou que "não deve ser conseguida a qualquer preço”. Já disse que “o PSD nunca poderá concordar com um documento completamente contrário ao que o país necessita". E resumiu: “Nem estou a favor nem contra, antes pelo contrário”.
Na campanha para as directas, a questão do OE ainda não era uma prioridade para o partido. Ainda assim, quando lhe perguntaram se estaria disponível para dar a mão ao PS, Rui Rio respondeu com firmeza: "Não estou disponível para nada disso! Era o que faltava, o PSD e o CDS com mais deputados a apoiarem o Governo".
Estávamos a 9 de Janeiro e ninguém podia estranhar a falta de pressa de Rio, que ainda não tinha sido eleito líder do PSD. Pouco mais de um mês depois, já no congresso do partido, o ainda líder parlamentar Hugo Soares ainda tentou obter uma posição mais concreta, mas não teve sorte.
“Por discordar que o PSD possa ser uma espécie de muleta a quatro do actual modelo de governação disse que era importante que o PSD dissesse já que vota contra o próximo Orçamento do Estado porque esta é uma questão política essencial para sabermos como é que o PSD se vai colocar”, explicou Soares. Rio não deu pistas.
Só em finais de Março, depois de já se ter instalado na direcção do PSD, é que voltou ao assunto. E, nessa altura, arriscou mais do que alguma vez tinha arriscado (e do que voltou a fazer a seguir). "Acho que é muito difícil que este Governo, apoiado pelos partidos da extrema-esquerda, esteja capaz de apresentar um orçamento que possa ir ao encontro aos princípios que o PSD tem defendido e que ao longo destes anos o PS não tem feito", disse à Lusa e à TVI, à saída da sede nacional do partido.
A próxima frase que se lhe ouviu, já em Maio, foi icónica. “Nem estou a favor nem contra, antes pelo contrário”. O líder do PSD garantiu então que sem conhecer a proposta do Governo para o OE, o partido não poderá pronunciar-se. Um dia depois, na sequência de uma entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa ao PÚBLICO, defendeu a importância da estabilidade política, mas avisou que "não deve ser conseguida a qualquer preço". "Se um OE for contrário ao que entendemos para Portugal, obviamente que preferimos que não haja estabilidade e se consiga um documento melhor do que, em nome da estabilidade, ter um documento mau", afirmou.
De então para cá, não houve nuances no posicionamento de Rio. Muito pelo contrário. “Podem dizer o que quiserem, eu repito o que digo desde pequenino: não sou a favor nem contra aquilo que desconheço. Eu só sou a favor ou contra aquilo que conheço”, referiu em Vila Verde, na festa do 44.º aniversário da JSD, no último sábado.
“Como é que posso dizer que sou a favor ou contra uma coisa que eu desconheço em absoluto e que não existe? Eu recuso-me a fazer política nesses termos”, acrescentou no domingo, garantindo que “não há divisão nenhuma” no interior do PSD sobre o próximo OE.
Ainda assim, Marques Mendes lá foi antecipando, no seu comentário semanal de domingo, que Rui Rio não vai viabilizar o orçamento nem mesmo para evitar uma crise política. “Seria um suicídio político. Esta é a lei mais importante de um Governo. Uma decisão dessas dava quase uma 'guerra civil' dentro do PSD”, disse, no Jornal da Noite. “O PSD passaria a ser muito mais como um amuleto do que como uma alternativa” ao Governo, deixando para Assunção Cristas o papel de único líder de oposição.