Locarno 2018 com quatro portugueses a concurso (e Nuno Lopes na Piazza Grande)
A 71.ª edição do festival suíço decorre de 1 a 11 de Agosto com uma longa e três curtas nacionais em secções competitivas. Jia Zhang-ke preside ao júri, Bruno Dumont e Ethan Hawke serão homenageados.
Sobre Tudo Sobre Nada, primeira longa de Dídio Pestana, colaborador habitual de Gonçalo Tocha ou Filipa César, e as curtas 3 Anos Depois, de Marco Amaral, Grbavica, de Manel Raga Raga, e Como Fernando Pessoa Salvou Portugal, de Eugène Green, são os quatro filmes de produção ou co-produção portuguesa a concurso no Festival de Locarno, cuja 71.ª edição decorre de 1 a 11 de Agosto e cujo programa foi anunciado esta manhã em Berna.
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Sobre Tudo Sobre Nada, primeira longa de Dídio Pestana, colaborador habitual de Gonçalo Tocha ou Filipa César, e as curtas 3 Anos Depois, de Marco Amaral, Grbavica, de Manel Raga Raga, e Como Fernando Pessoa Salvou Portugal, de Eugène Green, são os quatro filmes de produção ou co-produção portuguesa a concurso no Festival de Locarno, cuja 71.ª edição decorre de 1 a 11 de Agosto e cujo programa foi anunciado esta manhã em Berna.
Sendo os únicos títulos portugueses em secções competitivas, estes quatro filmes não serão as únicas presenças nacionais no festival suíço, que premiou nos últimos anos obras de Cristina Hanes (António e Catarina), Gonçalo Tocha (É na Terra, Não É na Lua), Joaquim Pinto (E Agora? Lembra-me...), Pedro Costa (Cavalo Dinheiro), João Pedro Rodrigues (O Ornitólogo) ou Pedro Cabeleira (Verão Danado). O actor Nuno Lopes está no elenco da produção suíça Le Vent Tourne, de Bettina Oberli, que será apresentada fora de concurso na Piazza Grande; e a realizadora Marta Mateus (Farpões, Baldios) fará parte do júri da competição oficial de curtas Pardo di Domani. Portugal será este ano também o país em destaque no programa paralelo First Look, destinado a mostrar a profissionais internacionais filmes ainda em produção.
Esta será a última edição do festival sob a batuta do crítico italiano Carlo Chatrian, que vai assumir a partir de 2019 a direcção artística do Festival de Berlim. Entre os 15 títulos na competição oficial, cujo júri será presidido pelo realizador chinês Jia Zhang-ke, contam-se os novos filmes do sul-coreano Hong Sang-soo (Gangbyun Hotel), do romeno Radu Muntean (Alice T.) e do iraquiano Abbas Fahdel (Yara), a par da estreia na ficção do crítico americano Kent Jones (Hitchcock/Truffaut) com Diane.
O festival homenageará igualmente o realizador francês Bruno Dumont com o Leopardo de Honra, estreando igualmente o seu novo filme/mini-série, Coincoin et les Z’inhumains, “sequela” do aclamadíssimo O Pequeno Quinquin; o actor americano Ethan Hawke (Prémio Excelência), que trará a sua nova realização, Blaze, biografia do cantor country Blaze Foley; o designer Kyle Cooper, génio dos genéricos (é seu o de Sete Pecados Mortais de David Fincher); os irmãos Paolo e Vittorio Taviani (com a exibição da versão restaurada de Bom Dia Babilónia); e o recentemente desaparecido Claude Lanzmann (com a projecção de Shoah).
Sobre Tudo Sobre Nada é a primeira longa-metragem de Dídio Pestana, que tem sido cúmplice de Gonçalo Tocha quer no cinema (assinando o som de praticamente todos os seus filmes) quer na música (através do duo Tochapestana). Produzido pela Kintop de Susana de Sousa Dias, o filme será apresentado na secção paralela Signs of Life, dedicada a obras de natureza mais experimental e que passou a competitiva em 2017.
É também nesta secção que será exibida a curta de Eugène Green, realizador americano radicado em França que já anteriormente rodara em Portugal A Religiosa Portuguesa e que é presença regular em Locarno. Co-produção entre a França, a Bélgica e Portugal (O Som e a Fúria), Como Fernando Pessoa Salvou Portugal tem os actores Carloto Cotta e Diogo Dória e o realizador Manuel Mozos entre o elenco.
Já 3 Anos Depois e Grbavica estarão a concurso na selecção oficial de curtas-metragens. 3 Anos Depois (Ukbar Filmes) é a segunda curta-metragem de Marco Amaral, colorista com quase uma centena de títulos em carteira. Grbavica é uma co-produção entre Portugal (CRIM), Espanha e Bósnia-Herzegovina, dirigida pelo catalão Manel Raga Raga, que estudou na Film Factory de Béla Tarr. Inspirada num conto de Franz Kafka e rodada em Sarajevo, a curta tem direcção de fotografia de André Gil Mata (A Árvore).
A abertura do festival caberá a Les Beaux esprits, de Vianney Lebasque, sobre o caso verídico de um treinador que, a fim de não perder os subsídios, inventa uma falsa equipa de basquetebol para se apresentar nos Jogos Paralímpicos de Sydney. O encerramento será com I Feel Good, da dupla Benoît Delépine/Gustave Kervern, com Jean Dujardin no papel principal. Locarno 2018 terá igualmente uma retrospectiva da obra do cineasta americano Leo McCarey, abrangendo quase uma centena de curtas e longas, entre as quais títulos lendários do cinema americano do século XX como O Grande Amor da Minha Vida, com Cary Grant e Deborah Kerr, Os Grandes Aldrabões, com os irmãos Marx, Com a Verdade Me Enganas e O Extravagante Sr. Ruggles.