May mantém-se em pé mas entra em "território muito perigoso"
Apesar do terramoto que se abateu sobre o Governo britânico provocado pelas ondas de choque do plano para um "soft Brexit", e da pressão dos deputados eurocépticos, o espectro da queda da primeira-ministra tem sido afastado.
Com o terramoto que se abateu sobre o Governo britânico, depois das demissões de David Davis e Boris Johnson, a primeira-ministra tem duas opções: ou se mantém fiel ao “soft Brexit” decidido na sexta-feira ou volta atrás. Independentemente da escolha, os deputados conservadores eurocépticos e defensores de um “hard Brexit” avisam que a governante vai entrar em “terreno muito perigoso”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Com o terramoto que se abateu sobre o Governo britânico, depois das demissões de David Davis e Boris Johnson, a primeira-ministra tem duas opções: ou se mantém fiel ao “soft Brexit” decidido na sexta-feira ou volta atrás. Independentemente da escolha, os deputados conservadores eurocépticos e defensores de um “hard Brexit” avisam que a governante vai entrar em “terreno muito perigoso”.
Quem o diz é Jacob Rees-Mogg, líder do poderoso European Research Group composto por cerca de 80 deputados tories que são defensores de um “hard Brexit”. Rees-Mogg diz que May terá de escolher se quer manter o seu plano, confiando assim nos votos dos trabalhistas. “Se o Governo planeia avançar com o plano de Chequers sustentado pelos votos do Partido Trabalhista isso seria a coisa mais fracturante que se poderia fazer”, disse em declarações à BBC.
“Confiar nos votos da oposição é um território muito, muito perigoso para os primeiros-ministros”, avisou ainda, sugerindo que será difícil a May conseguir apoio suficiente dentro do seu próprio partido para aprovar no Parlamento uma solução no quadro do “Brexit” que preveja a criação de uma zona de comércio livre com a União Europeia para bens industriais e agrícolas (o "soft Brexit".
Nesta terça-feira, a primeira-ministra reuniu todo o seu gabinete ministerial para tentar unir as pontas do seu Governo. Na única explicação divulgada depois da reunião, May disse no Twitter que o Governo esteve a preparar “a semana atarefada” que se avizinha.
Apesar de começarem a surgir rumores que os chamados “brexiteers” conservadores começaram já a recolher as 48 assinaturas necessárias para avançarem com uma moção de censura, o espectro da queda de Governo tem sido afastado.
Michael Gove, por exemplo, actual ministro do Ambiente, e que fez campanha pelo “Brexit” e é da mesma linha dura relativamente à saída do Reino Unido da União Europeia do que Davis e Johnson, garante que se vai manter ao lado da primeira-ministra a “100%”.
Norman Smith, editor de política da BBC, é da opinião de que, apesar de estarem insatisfeitos com os planos para um “soft Brexit”, os deputados eurocépticos estão mais concentrados em alterá-lo do que fazer cair May: “Há cansaço e horror genuínos relativamente à possibilidade de mais desordem, turbulência e a uma possível troca de liderança”.
“Acima de tudo, acho que não se deve subestimar a pura durabilidade de May – olha-se à volta da sua mesa e há corpos espalhados por todo o lado. Mas ela ainda lá está”, diz ainda Smith.
No meio de tudo isto, May recebeu nesta terça-feira Angela Merkel em Londres. A razão para a visita da chanceler alemã é a cimeira com os países dos Balcãs na capital britânica, mas é provável que a actual situação do "Brexit" e do Governo britânico tenha sido tema de conversa entre ambas as líderes.
Mesmo com toda a turbulência, Downing Street revelou que na quinta-feira será divulgado o documento final com os detalhes da proposta acordada na residência de Chequers.