Tabárez pede 24 horas de paciência e Deschamps não evita “gaffe” com Pepe
Uruguai e França abrem discussão das meias-finais em duelo de campeões do mundo marcado por um vínculo histórico, que começa em Lucien Laurent e acaba em Griezmann e Godín.
Uruguai e França dão esta tarde, às 15 horas, em Nizhny Novgorod, nas margens do Volga, num estádio onde predomina o azul, o pontapé de saída dos quartos-de-final do Rússia 2018, num duelo que se pretende reflexo fiel de dois verdadeiros campeões mundiais, a que acresce o facto de ambos manterem o estatuto de imbatível neste campeonato. Depois de afastar o campeão europeu, o Uruguai enfrenta o “vice” do França 2016. Mas Óscar Tabárez não quer discursos belicistas, preferindo salientar o “vínculo” histórico e cultural que une as duas nações.
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Uruguai e França dão esta tarde, às 15 horas, em Nizhny Novgorod, nas margens do Volga, num estádio onde predomina o azul, o pontapé de saída dos quartos-de-final do Rússia 2018, num duelo que se pretende reflexo fiel de dois verdadeiros campeões mundiais, a que acresce o facto de ambos manterem o estatuto de imbatível neste campeonato. Depois de afastar o campeão europeu, o Uruguai enfrenta o “vice” do França 2016. Mas Óscar Tabárez não quer discursos belicistas, preferindo salientar o “vínculo” histórico e cultural que une as duas nações.
“Rivais, sim. Não inimigos. Uruguai e França têm um vínculo forte. O primeiro grande triunfo internacional do Uruguai foi em França; no liceu público, o primeiro idioma que aprendíamos era o francês; o primeiro golo em Mundiais, em 1930, no Uruguai, foi marcado por um francês, em Montevideu, onde existe um momumento a eternizá-lo”, frisou, recordando o goleador Lucien Laurent.
“Há um vínculo cultural evidente. A França, ao contrário de outros, sempre esteve disponível para realizarmos jogos particulares. Por isso, rival sim. Inimigo, não”, atestou o “maestro”.
Apesar dos laços sublinhados por Tabárez, a selecção “celeste”, vencedora desse primeiro campeonato do Mundo de 1930 (êxito que repetiu 20 anos depois, no Brasil), vai a jogo para justificar a candidatura às meias-finais, repetindo o apuramento dramático (com o Gana) de 2010, na África do Sul, onde curiosamente se cruzou (0-0) com a França (então também vice-campeã mundial) na fase de grupos. Porém, as dúvidas em torno da recuperação de Edinson Cavani (saiu lesionado frente a Portugal) adensam a narrativa de um encontro onde ter ou não ter “El Matador” pode fazer toda a diferença, como tão bem sabe a selecção portuguesa.
Mas se o “mestre”, na iminência de dirigir pela 186.ª vez a selecção sul-americana (a 21.ª em fases finais de mundiais), poderá ter que optar entre Christián Stuani, Maxi Gómez e Cristián Rodríguez, na eventualidade de Cavani não estar apto (só ontem se treinou... condicionado), também Deschamps está obrigado a alterar a equipa para substituir o castigado Matuidi. Tabárez pede 24 horas de paciência antes de revelar o “onze” inicial, algo que Deschamps tem vindo a cultivar para marcar presença em Moscovo, na próxima quarta-feira.
O treinador francês relativiza a situação de Cavani, dizendo-se preparado para todos os cenários, inclusive para o excesso de confiança. Aliás, Didier Deschamps não se deixa iludir. A vitória sobre a Argentina não lhe garante um desfecho em nada diferente da eliminação no Brasil 2014, onde a França se despediu nos quartos-de-final, eliminada pela Alemanha. Para evitar nova frustração, o seleccionador dos “bleus” definiu bem o plano de jogo, alertando desde logo que Argentina e Uruguai são muito diferentes.
“Têm um perfil distinto. A forte organização defensiva e a verticalização do jogo — com o Bentancur a acelerar, com e sem bola — para accionar a dupla Suárez/Cavani vai exigir uma enorme dose de paciência”, vinca Deschamps, sem esquecer o laboratório de Óscar Tabárez e os cinco (em sete) golos obtidos na sequência de livres ou cantos.
“Quando é preciso, todos defendem e isso reduz os espaços de tal forma que não sofrem golos desde Novembro”, assegurou Deschamps, deslumbrado, sem contabilizar o golo de Pepe nos oitavos-de-final, “gaffe” que ainda foi a tempo de corrigir durante a conferência.
E se o apuramento é o objectivo, gerir disciplinarmente o jogo é igualmente obrigatório, o que poderá condicionar os jogadores em risco de exclusão. O Uruguai, com Bentancur a um amarelo de falhar as meias-finais (em caso de apuramento), está menos limitado neste aspecto. Na inversa, a França tem quatro nomes a proteger: Pogba, Tolisso, Pavard e Giroud terão de contornar mais um desafio mental.
Num ângulo diferente, o embate de Nizhny Novgorod revela um outro vínculo entre franceses e uruguaios. Cavani e Mbappé conhecem-se do Paris Saint-Germain, Matuidi e Bentancur são companheiros na Juventus. Já Griezmann e Hernández não têm segredos para a dupla Godín e Giménez. Com os avançados do PSG a lutarem em áreas opostas e com Matuidi fora de jogo, o destaque vai para o duelo de Griezmann com a dupla de centrais do Atlético.
O “pequeno diabo” vai mais longe em matéria de vínculo e, para além de ser “compadre” de Godín (padrinho de um dos filhos), adquiriu hábitos sul-americanos, como tomar mate antes dos treinos, ouvir cumbia e reggaeton (convidou o grupo uruguaio Márama para tocar no casamento), para além de ser adepto do Peñarol e torcer pela... “celeste”.