Brasil de extremos caiu em Kazan onde a Bélgica escreveu história
Restam apenas selecções europeias no Mundial. Terminou também a aventura da equipa de Tite, uma das grandes candidatas ao título e serão os belgas a discutir um lugar na final com a França.
A Franca ou a Bélgica estarão em Moscovo no próximo dia 15 para decidir a final de um Mundial onde já só restam selecções europeias. Depois do Uruguai, foi o pentacampeão Brasil a cair na Rússia e com eles encerrou-se a participação latina no torneio. O conjunto “canarinho” foi derrubado pela soberba força mental do adversário, empenhado em fazer história neste torneio. Soube sofrer, mas também foi bafejado pela felicidade em momentos chave do encontro de Kazan.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Franca ou a Bélgica estarão em Moscovo no próximo dia 15 para decidir a final de um Mundial onde já só restam selecções europeias. Depois do Uruguai, foi o pentacampeão Brasil a cair na Rússia e com eles encerrou-se a participação latina no torneio. O conjunto “canarinho” foi derrubado pela soberba força mental do adversário, empenhado em fazer história neste torneio. Soube sofrer, mas também foi bafejado pela felicidade em momentos chave do encontro de Kazan.
A exibição do Brasil foi uma espécie de montanha russa. Esteve à beira do abismo e de uma goleada na primeira metade, quando se temeu um “Kazanasso”; subiu de rendimento progressivamente após o intervalo e das alterações promovidas por Tite, antes de entrar numa vertigem atacante que encostou os belgas às suas redes a defenderem a vantagem com unhas — as do grande Thibaut Courtois — e dentes cerrados. Tudo em 90 minutos mais os cinco de compensação em que Neymar esteve a milímetros de levar o jogo para tempo extra.
O minuto 13 da partida deixou antever que a noite poderia não ser feliz para os sul-americanos, como não foi também o dia para o Uruguai, carrasco de Portugal na última segunda-feira. Um canto de Nacer Chadli — um dos heróis da extraordinária reviravolta frente ao Japão — apanhou de surpresa a cabeça de Fernandinho e bateu Alisson pela primeira vez.
Um castigo para o Brasil que até estava por cima do adversário, sem o dominar nem pouco mais ou menos, e atirara uma bola ao poste (Thiago Silva) cinco minutos antes, também na sequência de um canto (Neymar).
A desvantagem foi encarada como um pequeno contra-tempo pelos brasileiros, conscientes da sua qualidade individual que esteve longe de ter reflexos colectivos no primeiro tempo.
The partial view '~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_POSITIVONEGATIVO.cshtml' was not found. The following locations were searched:
~/Views/Layouts/Amp2020/NOTICIA_POSITIVONEGATIVO.cshtml
NOTICIA_POSITIVONEGATIVO
A Bélgica era uma muralha defensiva paciente, eficaz e transitava para o ataque com um futebol apoiado e veloz. Foi assim que calou por completo um estádio onde os brasileiros jogavam francamente em casa. Mais uma vez tudo começou num canto, no caso a favor dos “canarinhos”, com a bola a ir parar aos pés do enorme Romelu Lukaku.
O avançado belga recebeu, aguentou a pressão, progrediu no terreno, ultrapassou e vulgarizou Fernandinho e Paulinho, antes de abrir para a direita, onde estava De Bruyne. O talentoso médio do Manchester City, sem oposição, rematou forte e cruzado para as redes. Estávamos no minuto 31. Os números mudaram de ordem, mas o resultado foi o mesmo.
Desta vez, o Brasil estremeceu e reagiu. Num só minuto criou duas boas oportunidades por Gabriel Jesus e Philippe Coutinho (36’ e 37’), mas a falta de pontaria e as tais “unhas” de Courtois deixaram tudo na mesma. E seria De Bruyne a ficar muito perto do terceiro, após um livre que Alisson travou com dificuldade (41’).
Os sul-americanos deixaram de ter bola e o público “da casa” com o Mineirão e o fantasma alemão frescos na cabeça começou a assobiar os seus jogadores que deixaram de pressionar.
O intervalo foi bom conselheiro. Na véspera deste jogo, alguns jornalistas brasileiros falavam no Media Center do Arena de Kazan acerca das capacidades “quase hipnóticas” de Tite para motivar os jogadores e os convencer a interiorizarem as suas ideias. Algo de semelhante terá ocorrido nas cabines.
O seleccionador também foi fazendo alguns acertos: trocou Willian por Firmino (46’), Gabriel Jesus por Douglas Costa (58’) e, por fim, Paulinho por Renato Augusto (75’). Todos foram produzindo efeito. O Brasil partiu para cima dos belgas com tudo. Foi valendo o omnipresente Courtois, que apenas não impediu um momento de magia de Coutinho — picou a bola por cima da defesa e a cabeça do recém-entrado Renato Augusto fez o resto (76’).
Havia tempo para tudo, como os belgas sabem mais do que ninguém, depois de terem invertido a seu favor um resultado de 2-0 aos 69’ da partida dos oitavos-de-final com o Japão. Foi altura dos europeus cerrarem ainda mais as fileiras e baixarem perigosamente o bloco. Já os brasileiros ganharam nova alma e arte no campo. Mas Courtois quis que esta noite fosse definitivamente sua. A grande defesa ao último suspiro de Neymar colocou definitivamente a selecção belga nas meias-finais.
Uma partida traumática para os brasileiros que entraram em campo com os seis sobreviventes do Mundial de 2014: Thiago Silva, Marcelo, Fernandinho, Paulinho, Willian e Neymar.
Aquela que é considerada a melhor geração de sempre de futebolistas belgas está nas meias-finais e tem condições para se bater e ultrapassar a poderosa França. O espanhol Roberto Martínez, que muitos dos seus compatriotas estão a conhecer neste Mundial como técnico, garantiu já, pelo menos, o quarto lugar no Mundial. Algo que só foi alcançado em 1986, no México. Por isso, a Bélgica escreveu história em Kazan.