PP estreia-se em primárias para escolher o sucessor de Rajoy
Sáenz de Santamaría, Casado e Cospedal são favoritos na votação desta quinta-feira, mas só dois podem chegar ao congresso extraordinário e disputar a votação final. Espera-se participação reduzida dos militantes.
O Partido Popular (PP) dá esta quinta-feira o pontapé de saída no processo de escolha do sucessor de Mariano Rajoy. Pela primeira vez na sua história, a formação conservadora espanhola chama os militantes a pronunciarem-se sobre a designação da próxima liderança, numas primárias marcadas por várias incertezas, divisões internas e uma participação previsivelmente reduzida.
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O Partido Popular (PP) dá esta quinta-feira o pontapé de saída no processo de escolha do sucessor de Mariano Rajoy. Pela primeira vez na sua história, a formação conservadora espanhola chama os militantes a pronunciarem-se sobre a designação da próxima liderança, numas primárias marcadas por várias incertezas, divisões internas e uma participação previsivelmente reduzida.
Entre as 9h30 e as 20h30 (menos uma hora em Portugal continental) desta quinta-feira, mais de 66 mil membros poderão votar num dos seis candidatos à chefia do PP, bem como nos delegados que os representarão no congresso extraordinário, agendado para os dias 20 e 21 de Julho – onde os dois candidatos mais votados disputarão a eleição final.
Essa derradeira votação pode, no entanto, ser uma simples confirmação do vencedor, caso um dos candidatos junte mais 50% dos votos, mais de 50% das circunscrições ou mais 15 pontos que o segundo mais votado nestas primárias.
Soraya Saénz de Santamaría (ex-vice-presidente do Governo), Pablo Casado (deputado) e María Dolores de Cospedal (secretária-geral do PP) são os principais favoritos à sucessão do antigo presidente do Governo de Espanha – que apresentou a demissão da liderança do PP depois de derrubado por uma moção de censura do PSOE no início de Junho –, numa corrida que conta ainda com José Manuel García-Margallo (ex-ministro dos Negócios Estrangeiros), Elio Cabanes (vereador) e José Ramón García Hernández (deputado).
O desfecho das eleições internas do PP é totalmente incerto, até porque cada candidato tem apoiantes em diferentes comunidades espanholas. Após consulta com fontes do partido, o El País noticia que Santamaría tem fortes apoios na Andaluzia, em Castela e Leão e na Comunidade Valenciana, ao passo que Cospedal reúne preferências em Aragão, nas Astúrias, em Castilla-La Mancha, na Extremadura, na Galiza e em Navarra. Madrid e a Catalunha poderão pender para Casado, segundo o diário espanhol.
A estreia do PP em primárias acontece num dos momentos mais conturbados da sua história. A implicação de muitos dos seus membros em diversos escândalos de corrupção e a gestão problemática da questão catalã juntaram-se à imposição das políticas de austeridade, durante a crise financeira, no topo da lista de possíveis explicações para a queda a pique do partido nas sondagens, nos últimos meses.
Essa instabilidade acabou por transformar a campanha à liderança do PP num confronto de egos, onde a neutralidade assumida por Rajoy funcionou como carta branca para os candidatos procurarem apoios da forma que melhor entendessem. “Os personalismos, as rivalidades e até as inimizades tiveram mais protagonismo que as ideias, os projectos e as ideias dos aspirantes”, escreve o El Mundo, num editorial.
Além disso, o momento difícil do partido também não se traduziu numa mobilização maciça dos militantes para estas primárias. Apenas 7,6% de cerca de 870 mil membros se inscreveu para votar. “É evidente que o partido não conta com uma base militante tão ampla ou tão entusiasta como se pensava”, aponta o diário espanhol.