Oito ex-militares condenados pelo assassínio de Víctor Jara em 1973

Justiça decreta 18 anos de prisão pelo homicídio do cantor e simpatizante de Allende. Jara foi executado nos dias que se seguiram ao golpe de Estado que deu início à ditadura de Pinochet.

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Víctor Jara foi assassinado em 1973, aos 40 anos REUTERS/Victor Jara Foundation/Handout

Quarenta e cinco anos depois da morte do cantor, director de teatro e professor universitário Víctor Jara, a justiça chilena logrou responsabilizar os autores do crime cometido por soldados que ajudaram Augusto Pinochet a tomar o poder ao socialista Salvador Allende. Oito antigos militares foram condenados na terça-feira a um total de 18 anos de prisão, pelo homicídio e sequestro de Jara e do ex-director de prisões Littré Quiroga Carvajal. O Estado chileno terá ainda de indemnizar as famílias das vítimas em 2,1 milhões de dólares (cerca de 1,8 milhões de euros).

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Quarenta e cinco anos depois da morte do cantor, director de teatro e professor universitário Víctor Jara, a justiça chilena logrou responsabilizar os autores do crime cometido por soldados que ajudaram Augusto Pinochet a tomar o poder ao socialista Salvador Allende. Oito antigos militares foram condenados na terça-feira a um total de 18 anos de prisão, pelo homicídio e sequestro de Jara e do ex-director de prisões Littré Quiroga Carvajal. O Estado chileno terá ainda de indemnizar as famílias das vítimas em 2,1 milhões de dólares (cerca de 1,8 milhões de euros).

Segundo a decisão do juiz Miguel Vázquez Plaza, os antigos soldados Hugo Sánchez Marmonti, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Haase Mazzei, Ernesto Bethke Wulf, Juan Jara Quintana, Hernán Chacón Soto e Patricio Vásquez Donoso terão de cumprir 15 anos de prisão pela autoria dos homicídios e outros três pelo sequestro das duas vítimas. Um outro militar, Rolando Melo, foi ainda condenado a cinco anos e 62 dias de prisão pelo encobrimento dos assassinatos e dos sequestros.

Militante comunista, Jara era um conhecido artista e activista que simpatizava com o Governo de Allende. No dia 11 de Setembro de 1973 – o dia do golpe de Estado que depôs o executivo socialista e deu início à brutal ditadura de Pinochet – foi detido na universidade onde leccionava, em Santiago do Chile, juntamente com alunos e colegas, e transportado para o estádio de futebol que tem hoje o nome dele.

De acordo com o documento judicial, Jara foi brutalmente agredido durante os poucos dias de encarceramento no recinto desportivo, que foi utilizado pelo regime como prisão para muitos cidadãos e militantes ligados à esquerda. Foi executado com mais de 40 disparos e o corpo foi abandonado pelas ruas da capital. Segundo o El País, os familiares dele recolheram o corpo e enterraram-no às escondidas do regime. Tinha 40 anos.

Com o fim, em 1990, da ditadura que tirou a vida a mais de 3000 pessoas e torturou outras 28 mil, a viúva de Jara, Joan Turner – mais tarde acompanhada pela filha, Amanda, nessa missão – lançou-se na busca de justiça para o marido. A campanha da fundação que criou acabou por ter resultados práticos em 2009, quando o corpo do artista foi exumado e autopsiado. No final desse ano, escreve o diário espanhol, foi realizado um funeral que juntou mais de 12 mil pessoas.

Os resultados da autópsia – levada a cabo por um instituto austríaco em Innsbruck – confirmaram a data e as causas da morte de Víctor Jara. Um laborioso trabalho de investigação judicial permitiu a Miguel Vázquez Plaza identificar os autores do crime.