Concorrência da China penalizou trabalhadores portugueses
Estudo identifica “perdedores” da ascensão da China no comércio internacional
A ascensão da China, a partir dos anos 90, a um dos lugares de maior destaque no comércio internacional teve, pelo aumento da concorrência que ocorreu em diversos mercados, um impacto negativo nos salários e na empregabilidade dos trabalhadores portugueses, conclui um estudo publicado no site do Banco de Portugal.
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A ascensão da China, a partir dos anos 90, a um dos lugares de maior destaque no comércio internacional teve, pelo aumento da concorrência que ocorreu em diversos mercados, um impacto negativo nos salários e na empregabilidade dos trabalhadores portugueses, conclui um estudo publicado no site do Banco de Portugal.
O estudo, realizado por quatro economistas – Sónia Cabral, Pedro S. Martins, João Pereira dos Santos e Mariana Tavares – centra-se no período de 1993 a 2008 e analisa os efeitos da entrada em força dos produtos chineses nos mercados internacionais para as empresas exportadoras portuguesas e para os seus trabalhadores. O impacto é medido tanto ao nível da concorrência acrescida no mercado português, como também noutros mercados para os quais as empresas portuguesas exportam.
É este segundo efeito indirecto que acaba por ser o mais relevante, assinalam os autores. De acordo com o estudo, um aumento da exposição de um sector a uma maior penetração dos produtos chineses em 14 outros países da UE está associada a uma queda de 25% nos salários acumulados pelos trabalhadores e a uma redução de 17,4% no número de anos em que estão empregados.
O impacto é mais sentido nos trabalhadores mais velhos, nas mulheres, nos trabalhadores com um grau de ensino abaixo da licenciatura e nos trabalhadores que começaram a trabalhar em empresas detidas por portugueses.
Os autores concluem que os dados recolhidos “suportam a ideia de que a integração do comércio gera perdedores”, defendendo que a identificação daqueles que são mais afectados “é essencial para as políticas públicas destinadas a apoiar os trabalhadores mais prejudicados pela globalização”.