Em defesa do plástico: da utilidade à diabolização...
O problema não é o plástico, mas os comportamentos individuais irresponsáveis e sistemas de recolha de resíduos pouco eficazes.
O plástico é um material fantástico e miraculoso! É dos materiais mais extraordinários criados pelo Homem. Quantas coisas na nossa vida se tornaram mais fáceis e mais baratas devido ao plástico? No setor da saúde, inúmeras vidas são salvas graças a este material. Mas há outras consequências: permite transportes mais eficientes, a massificação da energia fotovoltaica, a construção de habitações com melhores isolamentos e tornar os alimentos mais económicos, mais seguros e com maior durabilidade, contribuindo para a diminuição do desperdício alimentar.
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O plástico é um material fantástico e miraculoso! É dos materiais mais extraordinários criados pelo Homem. Quantas coisas na nossa vida se tornaram mais fáceis e mais baratas devido ao plástico? No setor da saúde, inúmeras vidas são salvas graças a este material. Mas há outras consequências: permite transportes mais eficientes, a massificação da energia fotovoltaica, a construção de habitações com melhores isolamentos e tornar os alimentos mais económicos, mais seguros e com maior durabilidade, contribuindo para a diminuição do desperdício alimentar.
Precisamos de todo este plástico? A sociedade de hoje, numa busca constante de eficiência, exigindo produtos mais económicos e seguros, dirá que sim. Mas será que não podemos reaproveitar este material de forma mais inteligente? Os materiais plásticos têm vindo a substituir os mais diversos tipos de materiais devido às suas características (baixo peso, menor custo, melhor desempenho mecânico e térmico), e por ser o material com menor impacto ambiental em comparação com o papel, o vidro ou o aço.
Mas um material com tantas virtudes está a provocar uma crise ambiental mundial. Acontece que o problema não é o plástico, mas sim os comportamentos individuais irresponsáveis e os sistemas de recolha de resíduos pouco eficazes ou, em muitas regiões do planeta, praticamente inexistentes. Este é o verdadeiro problema e que temos de resolver!
Sarah Nelen [1] afirmou recentemente que apenas dez rios são responsáveis por 88% a 94% de todo o plástico nos oceanos, sendo este lixo produzido em terra. Acresce que oito desses rios estão na Ásia e os outros dois em África. A diabolização dos plásticos na Europa não resolverá o problema dos oceanos nem ajudará a resolver o problema grave, esse sim de difícil resolução, que é a delapidação dos recursos naturais e a degradação dos solos.
Um material que não se deteriora é algo positivo, principalmente quando se pode reutilizar inúmeras vezes, pelo que não necessitamos de explorar outros recursos desnecessariamente.
Então porque não o fazemos? Porque as nossas economias sempre estiverem em modo linear. Mas agora urge mudar. A transição de uma economia linear para uma economia circular será possível também por causa do plástico.
Para que isso aconteça, é preciso agir. Deixo algumas ideias:
- Melhorar a informação aos consumidores sobre a forma de usar, reutilizar e onde descartar os artigos de plástico.
- Criar mais pontos de recolha. Se o plástico é o material mais utilizado, por que é que ainda não há um ou dois ecopontos só para o plástico? Proceder à recolha selectiva do plástico isolado de outras embalagens é essencial para que haja uma melhor qualidade de material secundário. Por exemplo, os grandes retalhistas poderiam ser centros de recolha, já que também são centros de distribuição do material.
- Premiar operadores económicos que montem circuitos fechados de recolha e que reintroduzam o material na economia.
- Incentivar o uso de matéria-prima reciclada, aumentando o valor percentual por artigo, mas também alargando a gama de produtos em que se pode utilizar reciclado. Espanha já avançou com medidas concretas em que beneficiará artigos com uma incorporação acima dos 70%.
- Inovar no design dos artigos de plástico e prescindir daqueles em que já existam em alternativas sustentáveis. Existem no mercado soluções alternativas certificadas como biodegradáveis e compostáveis. No caso do plástico de cobertura de solo para agricultura (mulch) existem alternativas certificadas como “biodegradável no solo”, como é o caso do Agrobiofilm®.
O plástico é a solução para inúmeros problemas ambientais atuais, mas esta batalha contra o plástico está a converter a solução num problema!
[1] Sarah Nelen – Head of Waste Management & Secondary Materials Unit at The Comission’s Directorate General for the Environment