Inglaterra quebrou a maldição dos penáltis

Britânicos bateram a Colômbia e avançam para os quartos-de-final.

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Reuters/MAXIM SHEMETOV

A Inglaterra ganhou à Colômbia nos penáltis e avançou para os quartos-de-final do Mundial 2018. Repita-se, porque é algo inesperado e difícil de interiorizar: a Inglaterra ganhou à Colômbia nos penáltis (!) e avançou para os quartos-de-final do Mundial 2018. Quando chegou a hora, e após 120 minutos em que o 1-1 não se desfez, os ingleses não tremeram. Acertaram quatro dos cinco penáltis e viram o guarda-redes Pickford travar um remate colombiano (outro foi à trave). A Inglaterra avançava para os quartos-de-final, fase em que vai defrontar a Suécia, e estava feita história: há 12 anos que a Inglaterra não chegava tão longe no Campeonato do Mundo, vinda de eliminações nos oitavos-de-final (2010) e na fase de grupos (2014).

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A Inglaterra ganhou à Colômbia nos penáltis e avançou para os quartos-de-final do Mundial 2018. Repita-se, porque é algo inesperado e difícil de interiorizar: a Inglaterra ganhou à Colômbia nos penáltis (!) e avançou para os quartos-de-final do Mundial 2018. Quando chegou a hora, e após 120 minutos em que o 1-1 não se desfez, os ingleses não tremeram. Acertaram quatro dos cinco penáltis e viram o guarda-redes Pickford travar um remate colombiano (outro foi à trave). A Inglaterra avançava para os quartos-de-final, fase em que vai defrontar a Suécia, e estava feita história: há 12 anos que a Inglaterra não chegava tão longe no Campeonato do Mundo, vinda de eliminações nos oitavos-de-final (2010) e na fase de grupos (2014).

Quase tudo o que se sabia sobre futebol está a ser desfeito na Rússia, onde já não estão Alemanha (campeã em título e aquela que ganha sempre no final), Argentina (a selecção do toque divino de “D10s” e vice-campeã de 2014), ou Espanha (que encantou o mundo quando venceu em 2010). E mais um mito caiu nesta terça-feira em Moscovo: aquele que dizia que a Inglaterra era incapaz de vencer um desempate por penáltis em Mundiais. O historial era traumático, mas a equipa de Gareth Southgate superou-o com distinção. Os fracassos de 2006 (quartos-de-final, contra Portugal), 1998 (Argentina, nos “oitavos”) e 1990 (meia-final contra a RFA) — e também, em Europeus, de 1996, 2004 e 2012 — passaram aos livros. Harry Kane, Rashford, Trippier e Dier não vacilaram.

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E a Inglaterra precisou mesmo de toda a frieza do mundo para superar uma Colômbia aguerrida, intensa e que disputou o jogo de forma acesa, nos limites da agressividade. A equipa de Southgate esteve em vantagem no marcador, num penálti convertido por Kane, mas apanhou um balde de água gelada com o golo do empate, marcado por Yerry Mina já no período de compensação. Após um prolongamento sem consequências para a história do jogo, os ingleses evitaram mais um embaraço histórico e garantiram um lugar nos quartos-de-final — se superarem a Suécia, terão pela frente o vencedor do Rússia-Croácia.

A despedida do Estádio Spartak do Mundial 2018 não podia ter tido maior carga dramática. Num braço-de-ferro disputado milímetro por milímetro, a Inglaterra entrou melhor e dominou a etapa inicial, perante alguma desorientação da Colômbia, que não pôde contar com James Rodríguez — não recuperou de lesão e ficou na bancada. No lance mais flagrante do primeiro tempo, os ingleses estiveram perto do golo num cabeceamento de Kane que passou ligeiramente por cima da baliza de Ospina (16). Mas, à custa de grande intensidade física, os colombianos equilibraram a partida.

Porém, houve lances em que a intensidade passou dos limites. Como quando Harry Kane foi derrubado por Carlos Sánchez na área. O avançado do Tottenham converteu o penálti que ele próprio tinha sofrido, ampliando o seu registo goleador neste Mundial (6).

Era a melhor fase da Inglaterra e a pior da Colômbia, com a partida a tornar-se muito faltosa e os jogadores a perderem-se em picardias. A cabeça fria dos ingleses ajudava-os a resistir à pressão, mas o coração colombiano transbordou no período de compensação: após grande defesa de Pickford, a desviar o remate de longe de Uribe, Mina fez o 1-1 no pontapé de canto que daí resultou. O defesa do Barcelona pairou no ar e desferiu um cabeceamento fortíssimo que Trippier, sobre a linha, não conseguiu desviar. Estava feito o terceiro golo de Mina no Mundial 2018. E estava feito o empate.

O 1-1 abalou a Inglaterra, que sentiu dificuldades em reencontrar-se no prolongamento. Falcao ameaçou mas errou o alvo (104’), e só na recta final os ingleses deram sinal de vida: Rose rematou cruzado mas milímetros ao lado (112’) e Dier cabeceou sem oposição mas para fora, quando tinha tudo para fazer melhor (115’).

Não havia remédio, a Inglaterra teria de enfrentar os seus fantasmas. Kane não vacilou, Rashford também não. Mas depois Henderson falhou o 3-3 e o sonho ameaçou tornar-se em pesadelo. Só que a trave e Pickford traíram os colombianos, e Dier sentenciou o jogo. Acabou a maldição, seguem-se os quartos-de-final.