Tesla conseguiu produzir cinco mil carros Model 3 numa semana
Depois de várias tentativas, Elon Musk, CEO da companhia, garante que a Tesla acabou de se "tornar uma verdadeira empresa automobilística" após, em Junho, ter despedido 9% dos trabalhadores para reduzir custos.
A fabricante norte-americana de automóveis eléctricos Tesla atingiu, neste domingo, a tão esperada meta de produção de cinco mil veículos Model 3 fabricados numa semana — o carro com que pretende aproximar-se das massas e deixar de ser uma marca de nicho.
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A fabricante norte-americana de automóveis eléctricos Tesla atingiu, neste domingo, a tão esperada meta de produção de cinco mil veículos Model 3 fabricados numa semana — o carro com que pretende aproximar-se das massas e deixar de ser uma marca de nicho.
O objectivo foi cumprido na última semana do segundo trimestre, o prazo limite estabelecido anteriormente pelo CEO da empresa Elon Musk, o empreendedor visionário (dono da SpaceX) que, em Fevereiro, pôs um carro a caminho de Marte. Algumas horas depois da meia-noite (hora local), o 5000.º carro terminou os testes finais de qualidade e saiu da linha de montagem na fábrica de Fremont, Califórnia. Musk confirmou a informação num e-mail enviado aos funcionários da empresa, ao qual a agência Reuters teve acesso: "Acho que acabámos de nos tornar numa verdadeira empresa automobilística", escreveu.
Para além de produzir cinco mil exemplares do Model 3, a empresa conseguiu alcançar uma outra meta de produção: um total de sete mil carros (incluindo Model S e Model X) fabricados em sete dias, confirmou Musk numa publicação no Twitter. Depois de vários adiamentos (o plano inicial era atingir este objectivo no final de 2017), a Tesla comprometeu-se, em Janeiro passado, a produzir cinco mil unidades do Model 3 por semana antes do final do segundo trimestre (que terminou no sábado passado). Uma forma de demonstrar que tem capacidade para produzir em massa este automóvel eléctrico, o Model 3: um veículo mais económico; capaz de acelerar dos 0 aos 100 quilómetros por hora em menos de seis segundos; que promete uma autonomia de 355 quilómetros entre carregamentos e que apresenta ainda a possibilidade de uma condução autónoma.
A Tesla viu o seu posicionamento no mercado comprometido depois de vários atrasos na produção daquele modelo, ao mesmo tempo que vários concorrentes se prepararam para lançar modelos semelhantes como, por exemplo, o Chevrolet Bolt (Opel Ampera-e na versão europeia) lançado pela General Motors (GM). Uma dependência excessiva na automação nas linhas de montagem e problemas com as baterias levaram a atrasos na produção, com os primeiros 30 exemplares a saírem das fábricas em Julho de 2017.
Foi então que Elon Musk tomou um conjunto de medidas para reverter a situação: construiu uma linha de montagem improvisada numa tenda no exterior da fábrica de Fremont e destacou os funcionários de outros departamentos para as linhas de montagem (para que estas estivessem em constante funcionamento), com alguns departamentos a serem encerrados temporariamente e a mão-de-obra a revelar-se essencial. A empresa enviou ainda uma nova de linha de montagem de baterias através de aviões de carga para a sua fábrica Gigafactory, nos arredores de Reno (Nevada) de forma a acelerar o processo.
"O trimestre mais produtivo da história"
Porém, a empresa defronta-se com uma situação financeira complexa. Em Maio de 2018, apesar de as receitas para o primeiro trimestre de 2018 terem chegado aos 3,4 mil milhões de dólares (uma subida de 26,3% face ao período homólogo), os prejuízos alcançaram os 784,6 milhões de dólares. Além disso, em Junho passado, Musk anunciou o despedimento de 9% dos trabalhadores, para cortar nos custos e salvar a empresa (que actualmente está avaliada em 58,2 mil milhões de dólares, de acordo com o site American Journal of Transportation) em direcção à lucratividade e sustentabilidade. Depois do lançamento do Model 3 as acções da Tesla dispararam, pelo que esta última conquista poderá impulsionar ainda mais a valorização da empresa no mercado. Porém, o preço das acções da Tesla caiu desde sexta-feira, encontrando-se nesta segunda-feira a 337,87 dólares (cerca de 290,92 euros).
O próximo objectivo é produzir seis mil exemplares do Model 3 por semana no final do próximo mês, mas algumas pessoas duvidam que a empresa consiga manter o ritmo de produção a longo prazo e criticam o facto de a empresa não conseguir atender aos pedidos de reservas dos clientes. "Agora que a Tesla alcançou a marca dos 5000, precisa de fazer isso de forma constante, rotineira e com excelente qualidade", explicou Michelle Krebs, analista do grupo AutoTrader, segundo o American Journal of Transportation.
A Tesla já divulgou um comunicado oficial no site, onde esclarece que a produção do segundo trimestre totalizou mais de 53 mil veículos - um aumento de 55% em relação ao primeiro trimestre -, naquele que foi considerado "o trimestre mais produtivo" dos 15 anos de existência da empresa. Quanto ao Model 3, contabilizou uma produção de 28.578 veículos no período em questão, tendo neste momento cerca de 420 mil reservas remanescentes. Tudo isto "sem comprometer a qualidade", garante a fabricante de automóveis eléctricos.
"Os últimos 12 meses foram alguns dos mais difíceis na história da Tesla e estamos incrivelmente orgulhosos de toda a equipa da Tesla por alcançar o volume de produção do Model 3 de 5000 unidades. Não foi fácil, mas definitivamente valeu a pena", disse a empresa em comunicado. Porém, assinala que os relativos às "entregas de veículos da Tesla devem ser consideradas apenas como uma medida do desempenho financeiro da empresa e não como um indicador dos resultados financeiros trimestrais que dependem de vários factores".
Texto editado por Pedro Guerreiro