Socialistas vão ao Alentejo debaixo de críticas por falta de investimento
O PS vai ao Baixo Alentejo falar de água e de investimentos a reboque da Barragem do Alqueva, mas não leva promessas de investimento.
Por Beja, nestas semanas, debate-se o porquê de o Baixo Alentejo ter praticamente sumido do Plano Nacional de Investimentos, que reprograma os fundos comunitários. Não há melhorias na ferrovia previstas, não se sabe quando abre o troço da auto-estrada que ligaria a cidade à A2, ou que aproveitamento quer o Governo fazer do Aeroporto de Beja.
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Por Beja, nestas semanas, debate-se o porquê de o Baixo Alentejo ter praticamente sumido do Plano Nacional de Investimentos, que reprograma os fundos comunitários. Não há melhorias na ferrovia previstas, não se sabe quando abre o troço da auto-estrada que ligaria a cidade à A2, ou que aproveitamento quer o Governo fazer do Aeroporto de Beja.
O distrito quer ainda promessas mais efectivas de que a barragem do Alqueva, ex-líbris socialista que Carlos César disse querer servir de pano de fundo para as jornadas parlamentares do partido esta segunda e terça-feira em Beja e Évora, vai alargar os seus efeitos para os concelhos mais a sul. Mas o PS não leva na bagagem promessas. Nem leva o ministro do Planeamento, Pedro Marques, o responsável pela pasta.
“Não me lembrei”, foi a resposta de Carlos César quando questionado se levaria ao Baixo Alentejo o ministro que tem nas mãos a gestão dos fundos europeus. Mais tarde, questionado novamente se falaria dos investimentos reclamados pela região, disse que o Partido Socialista não precisa dos ministros para falar dos problemas. “Temos o hábito de discutir os problemas com ou sem ministros. Para discutirmos o problema da ferrovia não precisamos de ter o ministro que tem a tutela, e portanto, se tivéssemos que levar os ministros, ao que prevejo que vamos discutir, tínhamos de levar o conselho de ministros todo”, defendeu. Salientando que a região, que representa 35% do território e apenas 7% da população, tem de ter um esforço pela coesão territorial, César afirmou que há vários problemas prioritários desde a educação à saúde e que “não é uma estrada ou uma linha de comboio que se diferencia de outras prioridades que fazem parte de uma política coerente para a coesão territorial. Não temos nenhum problema nesta matéria”, referiu.
Para mostrar que o partido não tem dificuldades em discutir o assunto, neste primeiro dia de jornadas parlamentares subordinadas ao tema “o desenvolvimento regional no contexto das alterações climáticas”, Carlos César vai reunir-se, sem ministros, com os representantes do movimento “Beja merece mais”, que em Maio se manifestaram na Assembleia da República a reivindicar uma política de investimentos para o Baixo Alentejo. “Vamos aprender muito mais com o que eles nos têm a dizer sobre o Alentejo do que aprenderíamos com mais três ou quatro ministros”, disse, remetendo, no entanto, conclusões e respostas às dúvidas da região para o final do encontro dos deputados socialistas, que termina na terça-feira com visitas ao Alqueva.
O Alqueva é mesmo o pano de fundo para estas jornadas. Lançado pelo então primeiro-ministro António Guterres, é o investimento que serve de modelo aos socialistas. “É hoje um empreendimento que permite uma distribuição de água por vários distritos, numa extensão superior a 10 mil quilómetros quadrados. Houve a consciência de que este investimento responderia a problemas ainda actuais como a seca, a desertificação e os problemas de desequilíbrio provocados por factores climáticos”, defendeu o presidente do Grupo Parlamentar do PS numa conversa com jornalistas para antecipar as jornadas. O encontro, defendeu, “dar-nos-á uma melhor leitura da realidade económica do Alentejo e da expressão que essas actividades têm no emprego e nos factores de fixação”.
Apesar da discussão sobre as várias áreas, César recusou falar preto no branco de uma defesa da regionalização, preferindo centrar-se na descentralização de competências que, espera, tenha resultados ainda nesta sessão legislativa. “Neste momento está em causa concretizar um processo de descentralização, que é essencialmente dirigido ao reforço das competências municipais. Em todo o caso, creio que podem existir condições para que, nesta sessão legislativa, possam ficar aprovados documentos estruturantes dessa reforma. Se tal acontecer, será muito significativo e importante”, afirmou.