Utentes lamentam que novo hospital do Seixal não tenha cuidados paliativos previstos
Comissão de utentes contesta a retirada de algumas das especialidades previstas no projecto inicial. Nova unidade será um hospital de proximidade, com consultas externas, cirurgias de ambulatório e meios complementares de diagnóstico e terapêutica diferenciados.
A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal entregou ao Ministro da Saúde um manifesto sobre a construção do hospital do Seixal criticando o facto de este deixar de ter camas para cuidados paliativos.
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A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho do Seixal entregou ao Ministro da Saúde um manifesto sobre a construção do hospital do Seixal criticando o facto de este deixar de ter camas para cuidados paliativos.
"Num momento em que se fala na dignidade da vida humana e tendo em conta a falta de respostas nestas áreas, não se entende que se retire esta valência num novo hospital", escreve a comissão no documento entregue ao ministro, na sexta-feira, quando foi assinada a adenda ao protocolo de construção do hospital do Seixal.
Segundo os utentes, desde a inauguração do Hospital Garcia de Orta (HGO), que se antevia para o distrito de Setúbal e apontando-se, desde logo, como prioridade, a construção do hospital no Seixal.
O HGO, dimensionado para servir 150.000 pessoas, serve actualmente uma população superior a 450.000, a maioria dos concelhos de Almada, Seixal e Sesimbra.
Com esta assinatura é dada continuidade e reforçada a parceria entre o Ministério da Saúde e o município do Seixal relativamente ao futuro hospital, sendo um documento imprescindível para o lançamento do concurso público para aquisição do projecto da unidade.
Retirada de especialidades previstas
O novo equipamento de saúde será um hospital de proximidade, com consultas externas, cirurgias de ambulatório e meios complementares de diagnóstico e terapêutica diferenciados. Estará integrado no Hospital Garcia de Orta, do qual dependem os recursos humanos e materiais necessários para assegurar a actividade.
Contudo, para os utentes existem preocupações pelo facto de terem sido retiradas algumas das especialidades previstas no projecto inicial, bem como a retirada das camas para cuidados paliativos.
"Manteremos a firme vontade de continuar a lutar até que o Hospital no Concelho do Seixal seja uma realidade e que o mesmo responda às carências hospitalares das populações de Almada, Seixal e Sesimbra", explica a comissão de utentes.
Uma vez que esta unidade hospitalar irá funcionar em estreita articulação com o ACES Almada/Seixal, os utentes defendem que é necessário reforçar e melhor os centros de saúde locais.
Para o movimento é "imprescindível agilizar todo o processo de construção do novo Centro de Saúde de Corroios (que conta actualmente com cerca de 20.000 utentes sem médico de família) e que sejam tomadas decisões rápidas para a instalação das extensões de Foros de Amora (12.000 utentes na UCSP de Amora) e de Aldeia de Paio Pires (10.000 utentes espalhados por diversas unidades), além de dotar o ACES Almada/Seixal dos meios necessários ao funcionamento de todas as suas unidades.
Obra prevista desde 2009
O processo de criação do novo hospital remonta a 2009, quando o Estado assinou um acordo com a Câmara Municipal do Seixal, mas o processo não teve desenvolvimentos nessa altura. Após alguns avanços e recuos, no Orçamento do Estado para 2017 veio contemplada uma verba para o lançamento do concurso público para o projecto de arquitectura e especialidades técnicas para a construção desta unidade.
Segundo a autarquia do Seixal, o Governo comprometeu-se com a abertura do concurso público no primeiro semestre de 2017 e tanto o secretário de Estado da Saúde (entretanto substituído), como a presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo afirmaram publicamente que o equipamento estaria ao serviço da população até ao final de 2019.
Contudo, tal não se concretizou.
A 22 de Janeiro de 2018 o Governo publicou a portaria de extensão de encargos relativos à aquisição de serviços para a concepção e projecto do hospital no Seixal, tendo agora sido assinada uma adenda ao acordo.