Carlos César remete para a justiça caso da Operação Tutti Fruti

Líder parlamentar do PS confirmou que o partido apresentará propostas em matéria de concertação social.

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Carlos César falou à saída da reunião da bancada Rui Gaudêncio

O líder parlamentar socialista recusou-se esta quinta-feira a comentar as buscas realizadas em estruturas partidárias, sobretudo do PSD, mas também do PS, na quarta-feira, alegando desconhecer os seus fundamentos e tratar-se de matéria da competência das autoridades judiciais.

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O líder parlamentar socialista recusou-se esta quinta-feira a comentar as buscas realizadas em estruturas partidárias, sobretudo do PSD, mas também do PS, na quarta-feira, alegando desconhecer os seus fundamentos e tratar-se de matéria da competência das autoridades judiciais.

Carlos César falava aos jornalistas depois de confrontado com as buscas realizadas no âmbito da Operação Tutti Fruti, em que estarão em causa suspeitas da prática de crimes económico-financeiros decorrentes da contratação de pessoal e da adjudicação directa de serviços a empresas ligadas ou controladas por dirigentes políticos, sobretudo do PSD, mas também alguns do PS.

Segundo a Procuradoria-Geral da República de Lisboa (PGR), foram realizadas cerca de 70 buscas, incluindo escritórios de advogados, autarquias, sociedades e instalações partidárias "em diversas zonas geográficas do território continental e dos Açores".

"Além daquilo que saiu na comunicação social, não conheço os fundamentos. Trata-se de uma actividade policial de investigação. As polícias é que sabem. São as polícias que devem responder", declarou o presidente da bancada do PS.

Interrogado sobre o facto de o PS ter manifestado na quarta-feira "total disponibilidade" para colaborar com as investigações, Carlos César reagiu: "O que mais faltava era não poder colaborar".

"Essa é sempre uma declaração muito formalista e muito oficial. É essa a obrigação, é o que todos fazem. Era o que faltava que o PS não o fizesse", completou o líder parlamentar socialistas.

"Creio que tudo deverá decorrer da forma como desejam as entidades que procuram investigar esses factos. Mas não é assunto que conheça", acrescentou.

Propostas de alteração

O líder da bancada do PS confirmou também que apresentará propostas de alteração aos diplomas do Governo resultantes do acordo de concertação social sobre combate à precariedade, visando "salvaguardar a melhor interpretação" desse compromisso alcançado entre UGT e confederações patronais.

Carlos César começou por salientar que os deputados socialistas "valorizam muito o trabalho que foi feito no âmbito da concertação social".

"Entendemos que é muito relevante a circunstância de as confederações patronais se terem envolvido numa agenda legislativa que tem por único objetivo a defesa dos interesses dos trabalhadores, através do combate à precariedade e a favor da dignidade do trabalho", disse.

No entanto, de acordo com Carlos César, o PS entende que, "no âmbito da concertação parlamentar, que sucede à concertação social, se deve fazer um esforço no sentido de essa legislação ser ainda melhorada e ser acautelada no seu melhor espírito".

"É isso que vamos fazer apresentando propostas de alteração. Quando estivermos em sede de especialidade, essas propostas serão presentes e votadas, o que não impede que na própria discussão na generalidade se entenda quais as matérias que, da parte do PS, se considera importante clarificar ou melhorar", justificou, embora recusando-se, para já, a identificar sobre que matérias vão incidir as propostas de alteração a apresentar pela bancada socialista.

Interrogado se as propostas de alteração a apresentar pelo PS poderão colocar em causa a adesão ao acordo de concertação social por parte das confederações patronais, o líder parlamentar socialista reagiu: "Essas matérias só poderão ser respondidas pelas próprias confederações patronais".

"O que sei é que as nossas propostas visam salvaguardar o melhor espírito e a melhor interpretação desse acordo [de concertação social]", alegou Carlos César.