Trump e Putin vão encontrar-se — teremos sempre Helsínquia?

Os Presidentes dos EUA e da Rússia vão encontrar-se numa cidade histórica da Guerra Fria, depois da cimeira da NATO. Têm muito que falar, mas será que vão discutir o essencial?

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Putin e Trump estiveram juntos pela última vez em Novembro, na cimeira da APEC JORGE SILVA/EPA

Vladimir Putin e Donald Trump vão encontrar-se para uma muito desejada cimeira a dois a 16 de Julho, e o local escolhido para o encontro tem muito de simbólico, Helsínquia, a cidade onde teve origem a cooperação entre os dois blocos da Guerra Fria, após longos anos de negociações, e acabou por dar origem ao nascimento da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE).

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Vladimir Putin e Donald Trump vão encontrar-se para uma muito desejada cimeira a dois a 16 de Julho, e o local escolhido para o encontro tem muito de simbólico, Helsínquia, a cidade onde teve origem a cooperação entre os dois blocos da Guerra Fria, após longos anos de negociações, e acabou por dar origem ao nascimento da Organização para a Cooperação e Segurança na Europa (OSCE).

Foi a viagem a Moscovo do conselheiro para a Segurança Nacional de Trump, John Bolton, que pôs os últimos retoques nesta cimeira de que há muito tempo Trump falava. Chegou a convidar o seu homólogo russo para Washington — mas Putin pareceu pouco interessado em visitar a capital norte-americana. Talvez por receio de que o conselheiro especial Robert Mueller, que há mais de um ano investiga as suspeitas de interferência russa nas presidenciais de 2016 o intimasse a depor, brincaram alguns, com malícia nada disfarçada.

É verdade que a Rússia e os Estados Unidos têm muito para discutir — desde a guerra na Síria e a política expansionista russa, que faz igualmente receios na frente Leste europeia e na Ucrânia e, claro, a interferência nas eleições norte-americanas. Mas o Presidente Donald Trump continua firme na negação de que terá algo a apontar a Putin.

O encontro com o homólogo russo acontecerá dias depois da cimeira da NATO (a 11 e 12 de Julho), que os aliados europeus esperam com receio de novas investidas de Trump, depois do que aconteceu no G7, no início do mês, quando Trump se recusou a assinar o comunicado final da reunião.

Enquanto era divulgada a data da reunião em Helsínquia, o Presidente norte-americano, que sempre expressou admiração por Putin — enquanto mostra um desprezo mais ou menos claro pelos seus tradicionais aliados ocidentais —, tweetava que a “Rússia continua a dizer que não teve nada a ver com a interferência nas nossas eleições!”

E acabou por acusar Hillary Clinton de estar por trás da manipulação das eleições.

John Bolton afastou a ideia de que o encontro entre os dois Presidentes seria uma prova de que Trump foi ajudado por Putin — como as várias agências de informação avançaram, ainda ainda durante o período de transição da presidência de Barack Obama. “Muitas pessoas sugeriram que houve alguma relação entre a campanha de Trump e o Kremlin, o que é um completo disparate”, afirmou o conselheiro de Segurança Nacional.

De acordo com a Associated Press, Moscovo adiantou que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, deverá reunir-se nas próximas semanas com o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, para acertar os últimos pormenores do encontro entre os dois líderes.

Na quarta-feira, o Presidente americano disse aos jornalistas que relacionar-se bem “com a Rússia e com a China e com toda a gente é uma coisa muito boa”.

Mas tudo pode ser um pouco como a cimeira com Kim Jong-un, o líder norte-coreano: muito espectáculo e poucos resultados.