Luís Represas: “Boa Hora recupera um imaginário que faz parte do meu ADN”

Luís Represas lança neste final de Junho um novo disco que revela uma notável energia. Chamou-lhe Boa Hora e tem como convidados Carlos do Carmo, Ivan Lins, Mia Rose, Jorge Palma, Paulo Gonzo e Stewart Sukuma.

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Luís Represas PEDRO FERREIRA

O disco que Luís Represas anunciou em 2017 com uma só canção, Se achas que sim, está finalmente pronto. Chama-se Boa Hora e na produção, além dele próprio, conta com Fred Ferreira (dos Orelha Negra), Ivan Lins, Manuel Faria, Francisco Faria [filho de Manuel Faria] e B Fachada. E tem como parceiros vocais, nalguns temas, Carlos do Carmo, Ivan Lins, Mia Rose, Jorge Palma, Paulo Gonzo e Stewart Sukuma (que acabou por adicionar a sua voz à canção Se achas que sim, enriquecendo-a). Mas tudo começou quando Luís trabalhou com Jorge Cruz (Diabo na Cruz), que sugeriu Fred Ferreira para a produção, partindo depois de Fred a indicação de B Fachada. Os catorze temas que compõem o disco, reflectindo essa diversidade, evidenciam uma notável energia.

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O disco que Luís Represas anunciou em 2017 com uma só canção, Se achas que sim, está finalmente pronto. Chama-se Boa Hora e na produção, além dele próprio, conta com Fred Ferreira (dos Orelha Negra), Ivan Lins, Manuel Faria, Francisco Faria [filho de Manuel Faria] e B Fachada. E tem como parceiros vocais, nalguns temas, Carlos do Carmo, Ivan Lins, Mia Rose, Jorge Palma, Paulo Gonzo e Stewart Sukuma (que acabou por adicionar a sua voz à canção Se achas que sim, enriquecendo-a). Mas tudo começou quando Luís trabalhou com Jorge Cruz (Diabo na Cruz), que sugeriu Fred Ferreira para a produção, partindo depois de Fred a indicação de B Fachada. Os catorze temas que compõem o disco, reflectindo essa diversidade, evidenciam uma notável energia.

Luís Represas diz ao PÚBLICO que ele próprio teve essa sensação, ao ouvir o trabalho: “Senti que era um disco com uma energia diferente em relação aos outros. Tenho discos muito enérgicos, no passado, nomeadamente os que são produzidos pelo Miguel Nuñez e arranjados por ele, mas este recupera um imaginário que faz parte do meu ADN.” O trabalho inicial com Jorge Cruz foi decisivo: “O que desbloqueou tudo foi uma conversa com ele e essa conversa teve muito a ver com o meu passado, com o universo Trovante, com o meu universo a solo. E ele, que se informou muito bem sobre todo esse percurso, disse-me que sentia que era altura de recuperar o tipo de energia que havia nas coisas que se escreviam antes. E deu como exemplo O comboio [do disco dos Trovante Cais das Colinas, 1983], com letra minha e música do Manuel Faria. E quando se constrói o Boa Hora, a estrutura vai muito nesse sentido.” Uma rapidez na vocalização, na rítmica, uma impressão, diz Represas, “da iminência de uma falta de ar, que afinal não falta.”

Já a reaproximação de Manuel Faria, co-fundador dos Trovante, foi também decisiva noutro ângulo: “Por estar, há bastante tempo, longe da música gravada, ele tem uma distância enorme em relação a mim. E a importância que o Manuel teve na vocalização do disco é grande. Porque ele conhece a minha voz como ninguém. Às vezes até dizia que eu estava a explicar-me demasiado, que a coisa tinha de fluir de outra maneira.”

Olhares cinematográficos

Uma das canções, Cinema estrada, com letra de Luís Represas, é quase um filme sobre o seu universo entrelaçado no universo Trovante. E tem duas vozes complementares: “Deu-me imenso gozo escrevê-lo, porque estava a sentir-me realizador de um filme. Uma sequela. E de repente fui buscar os ‘actores’: o Jorge Palma e o Paulo Gonzo.”

Asas de anjo é uma parceria com Ivan Lins, que também aqui surge a cantar e ao piano. “Conhecemo-nos desde os anos 1980. E já lhe tinha dito que gostava imenso que escrevesse uma música para mim. Há uns largos meses, enviou-me um mail a dizer: ‘tenho uma promessa secular que vai ser cumprida agora. Toma lá a música, faz a outra metade e já agora faz a letra.’ Eu senti aquilo como uma prova de confiança enorme.”

Já em A curva do horizonte, a voz de Luís Represas contracena com a de Mia Rose. “Tinha de ser uma voz feminina que acompanhasse o lado frágil da música, mas é uma fragilidade consistente. E quando a voz dela se junta à minha, essa fragilidade assume um lado sedutor.” Por fim, Carlos do Carmo. “A canção fala de um homem que leva a sua companheira de vida aos lugares da memória. E eu estava a escrever a canção e a ouvir, na minha cabeça, o Carlos do Carmo a cantá-la comigo. E assim a história transformou-se na história de dois amigos que têm o mesmo problema em casa [casos de falta de memória] e vão relatando uma história coincidente. Como num filme. E foi adorável gravar com ele, porque a maneira como ele pega na canção é extraordinária.”