Partidos dizem que colaboraram e chutam responsabilidades para os visados
PSD e PS não avançam com averiguações internas para já, depois de buscas pelas autoridades a várias estruturas dos partidos, incluindo sedes.
Poderia ser a teoria da maçã podre no cesto, mas José Silvano, secretário-geral do PSD, preferiu usar a metáfora da batata para dizer que as buscas ao partido dizem respeito aos envolvidos e não ao PSD, que colaborou em tudo com as autoridades. “Isto tem todo o impacto na opinião pública. Paga o justo pelo pecador. É como as batatas: uma batata podre contamina todas as outras”, disse, admitindo que a investigação que ontem foi noticiada tem impacto na maneira como os portugueses olham para os partidos, em especial para o PSD, tendo em conta que as tudo parece partir de uma rede daquele partido.
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Poderia ser a teoria da maçã podre no cesto, mas José Silvano, secretário-geral do PSD, preferiu usar a metáfora da batata para dizer que as buscas ao partido dizem respeito aos envolvidos e não ao PSD, que colaborou em tudo com as autoridades. “Isto tem todo o impacto na opinião pública. Paga o justo pelo pecador. É como as batatas: uma batata podre contamina todas as outras”, disse, admitindo que a investigação que ontem foi noticiada tem impacto na maneira como os portugueses olham para os partidos, em especial para o PSD, tendo em conta que as tudo parece partir de uma rede daquele partido.
Para já é apenas esse o impacto das buscas realizadas ontem durante o dia e no país todo, uma vez que o resultado das averiguações ainda não é conhecido e os dois partidos preferem aguardar pelos trabalhos da justiça. A investigação judicial chegou sobretudo às estruturas locais e autarquias (freguesias e câmaras), e os partidos, PS e PSD, preferiram não avançar com averiguações internas.
O secretário-geral do PSD foi o único responsável dos dois partidos a dar a cara pelo que a nível geral se estava a passar. E José Silvano fê-lo para dizer duas coisas: que este inquérito apelidado de “Tutti Frutti” nada tem a ver com a actual direcção socia-democrata, uma vez que se refere a “factos anteriores à eleição deste líder do partido e desta direcção” (Janeiro de 2018) que se pauta pela defesa do “combate à corrupção e compadrio”; e, em segundo lugar, que o PSD “disponibilizou todos os documentos pedidos e espaços para a sua consulta sem quaisquer restrições”.
A sede nacional do PSD (assim como a distrital de Lisboa) foi alvo de buscas e a sede concelhia do PS-Lisboa tmbém. A do PSD, na Lapa, foi porque é lá que se encontram os dados e facturas respeitantes a todas as estruturas do partido, explicou Silvano, dando a entender que não se trata de uma questão do partido no geral, mas dos visados, dos quais desconhecia a identidade em termos formais. Já o PS disse apenas que o partido “colaborou em tudo o que lhe foi solicitado pelas autoridades”.
Um dos visados nas buscas, o deputado do PSD Sérgio Azevedo contou ao PÚBLICO que foi alvo de buscas domiciliárias, disse que desconhecia o porquê e afirmou que não tenciona abandonar o Parlamento por causa destas diligências. “Não vejo motivo para ter de abandonar o Parlamento — nem arguido sou... Fui apenas ‘buscado’ [alvo de busca]. Ponto final”, disse.
O deputado eleito pelo círculo de Lisboa e membro do conselho nacional do PSD perguntou aos inspectores da Polícia Judiciária que estiveram em sua casa se tinham pedido o levantamento da imunidade parlamentar de que beneficia. “Responderam-me que não”, conta, aparentemente por não ter sido considerado necessário.
Sérgio Azevedo diz ignorar ao certo a razão pela qual foi alvo de buscas. “Presumo que possam estar relacionadas com a viagem à China” que foi feita a convite da multinacional tecnológica Huawei, na companhia do presidente da Junta de Freguesia da Estrela (Lisboa), Luís Newton, em Fevereiro de 2015 — e que o PÚBLICO tentou contactar ao longo do dia sem sucesso.
Além desta autarquia, também a Câmara de Lisboa, incluindo os gabinetes de Fernando Medina e dos vereadores socialistas Duarte Cordeiro e Manuel Salgado, foram alvo de buscas. O autarca confirmou, mas garantiu que “não tiveram como objecto directamente a Câmara Municipal de Lisboa”, tratando-se isso sim “de um processo mais vasto”.