VAR avaliou 15 lances e só errou uma vez: contra Portugal
Seleccionador nacional revela que dois elementos de órgão da FIFA garantiram que penálti do Irão foi — o único — erro do videoárbitro. Duarte Gomes confirma que lance foi mal ajuizado.
Era difícil imaginar uma estreia mais conturbada para o videoárbitro (VAR). A tecnologia enfrenta no Mundial da Rússia o seu primeiro teste "de fogo" e tem havido muita contestação, levando treinadores e especialistas a questionarem os critérios da nova ferramenta tecnológica. Penáltis, fora-de-jogo e outros lances polémicos têm sido alvo da ira colectiva dos países, que se sentem prejudicados pelo sistema de vídeoarbitragem.
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Era difícil imaginar uma estreia mais conturbada para o videoárbitro (VAR). A tecnologia enfrenta no Mundial da Rússia o seu primeiro teste "de fogo" e tem havido muita contestação, levando treinadores e especialistas a questionarem os critérios da nova ferramenta tecnológica. Penáltis, fora-de-jogo e outros lances polémicos têm sido alvo da ira colectiva dos países, que se sentem prejudicados pelo sistema de vídeoarbitragem.
"Falei com dois directores da International Football Association Board (IFAB). Dos 15 lances avaliados pelo VAR só houve um erro de arbitragem: a marcação do penálti no jogo contra o Irão" garantiu nesta quarta-feira Fernando Santos, em conferência de imprensa.
O seleccionador nacional considera que depois de feito um balanço da fase inicial do Mundial da Rússia, Portugal foi prejudicado pelo VAR. Como principal exemplo, o treinador português deu, precisamente, a grande penalidade iraniana que, ao permitir o empate (1-1), empurrou Portugal para o segundo lugar do grupo B.
“Lance do Ronaldo foi bem decidido”, garante Duarte Gomes
Carlos Queiroz, seleccionador do Irão, foi um dos mais inconformados com a actuação do videoárbitro nas partidas da fase de grupos: “O senhor Infantino [presidente da FIFA] e a FIFA têm de perceber que o VAR não está a ir bem. Há várias queixas”, disparou o português, após o jogo frente a Portugal, da passada segunda-feira, que ditou a eliminação da equipa iraniana.
“O lance do Cristiano Ronaldo é um vermelho claro para mim. Não vou ser simpático com o que aconteceu e isto vai ser mal interpretado por causa do jogador que é: quando se pára um jogo por causa de um cotovelo, ou é um cotovelo ou não é um cotovelo. Não há meios cotovelos”.
Duarte Gomes, ex-árbitro internacional, não concorda com a opinião de Carlos Queiroz, considerando que o lance de Ronaldo foi bem ajuizado: “O pressuposto inicial da revisão é para verificar a existência de um possível lance para cartão vermelho. A partir daí, se o árbitro tiver uma opinião diferente da jogada— dar cartão amarelo, ou dar livre directo, por exemplo — tem de repor a justiça e decidir de acordo com o seu entendimento”.
Também para o ex-árbitro, o VAR cometeu um erro ao validar o penálti assinalado contra Portugal, por mão na bola de Cédric Soares: “Foi mal ajuizado. Este é um lance típico de bola no braço e não braço na bola. O jogador português levanta os dois braços [no momento do salto] e depois vai com os olhos fechados. A questão da volumetria não é, em si, uma infracção”.
Outro dos aspectos que tem levantado dúvidas tem a ver com o facto de, após os lances polémicos, tornou-se comum ver os jogadores e membros das equipas técnicas fazerem o gesto rectangular da TV, pedindo ao árbitro para rever a jogada na televisão. Segundo os regulamentos, este gesto é o equivalente ao pedido de um cartão amarelo para um adversário, acto antidesportivo sancionado disciplinarmente.
“Isso é a teoria”, afirma Duarte Gomes, explicando que muitos árbitros relativizam a regra, para não ‘começarem a disparar’ cartões amarelos. “Os jogadores foram sensibilizados para essa questão”, assegura o ex-árbitro, explicando que, na fase final, os atletas estarão mais sensíveis a essa questão e às suas implicações. É importante relembrar que um simples cartão amarelo pode significar a ausência de um jogador da partida de futebol.